Coimbra: Colectivo apela à reabilitação da Baixa
O colectivo Há Baixa (HAB), composto essencialmente por estudantes de arquitectura e de Design e Multimédia da Universidade de Coimbra, vai continuar em 2017 a reabilitar a Baixa e convida colegas de outros cursos a participarem, informou a organização.
O projecto foi iniciado no verão deste ano, em que 25 voluntários ajudaram a reabilitar quatro espaços da baixa de Coimbra: uma papelaria, um atelier de costura, o pátio interior das Cozinhas Económicas e um apartamento.
O colectivo surgiu a partir de um grupo inicial de nove estudantes de arquitectura que pretende repetir o projecto em 2017, com um formato um pouco diferente e que possa culminar não apenas em projectos de arquitetura e design, mas também em iniciativas que envolvam estudantes de diferentes áreas do saber, como a sociologia, a história, a antropologia ou a saúde, informou Carlos Fraga, um dos membros do colectivo.
Promover relação com a Universidade e com a Autarquia
"Queremos que toda a comunidade universitária esteja presente", sublinhou o estudante, que falava aos jornalistas à margem da apresentação pública da 2.ª edição do Há Baixa, que se realizou hoje, ao final do dia, no Departamento de Arquitectura.
Em 2017, o colectivo vai procurar realizar "obras mais leves" para garantir uma actividade "mais coesa e exequível", vai reforçar a componente pedagógica, com oficinas teórico-práticas e o acompanhamento de docentes e técnicos, e vai tentar fortalecer a relação institucional com a Reitoria da Universidade de Coimbra (UC) e com a autarquia, informou outro membro do colectivo, Francisco Paixão.
Os estudantes propõem-se a fazer três projectos de reabilitação (número que pode ser alterado face à quantidade de inscritos que venham a registar), um concurso para alunos de arquitectura realizarem uma estrutura "efémera" que depois será utilizada na baixa (à imagem de um palco criado este ano), e ainda "obras pontuais", como um armário ou uma mesa, que serão desenvolvidos pelos alunos que têm menos disponibilidade durante o tempo de aulas, esclareceu.
Os três projectos de reabilitação serão pensados e desenvolvidos entre Fevereiro e Junho, sendo depois todo o trabalho realizado durante "duas semanas em Julho", afirmou.
“Tradição da Arquitectura”
Face ao cariz voluntário da iniciativa, os estudantes querem apostar na doação de materiais por parte das empresas, reutilização de materiais e ainda, caso seja possível, que os proprietários dos imóveis "façam uma participação monetária".
O director do Departamento de Arquitectura da UC (Darq), Jorge Figueira, referiu, durante a apresentação, que pretende que o colectivo "marque a história" do departamento, considerando que a Baixa "precisa deste afeto" dinamizado pelos alunos.
Na iniciativa dos seus estudantes, Jorge Figueira encontra a junção do afeto e do activismo "com o pragmatismo".
"O colectivo faz jus àquilo que é ser arquitecto. Há um gesto romântico, mas também pragmático", indo ao encontro daquilo que é "a tradição da arquitectura", notou.
Lusa/DI