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Portugal regista uma das maiores reduções de malparado na Europa

 

Portugal regista uma das maiores reduções de malparado na Europa

 

Portugal regista uma das maiores reduções de malparado na Europa

26 de novembro de 2020

A pandemia veio colocar um travão a fundo na transacção de portefólios de crédito malparado (na sigla inglesa, Non-Performing Loans, NPL) em Portugal, estimando-se que, até junho passado, a conclusão de operações NPL totalizaram 500 milhões de euros. Ainda assim, o país registava no 2º trimestre de 2020 um stock de NPL de 14,2 mil milhões de euros, numa expressiva redução de €7,02 mil milhões, ou seja, -33%, face ao mesmo período do ano passado. Trata-se de um dos progressos mais assinaláveis no contexto da União Europeia, quer em termos absolutos quer em termos relativos.

 

O estudo da Prime Yield

Esta é uma das principais conclusões da edição de 2020 do estudo “Investing in NPL in Iberia”, produzido pela Prime Yield e hoje divulgado por ocasião do maior evento ibérico desta indústria, o “NPL Iberia 2020”. O evento, este ano exclusivamente online, é organizado pela Smith Novak e debate os principais desafios deste sector, sendo a Prime Yield uma das empresas convidadas a intervir nos painéis de debate.

 

Itália e Grécia, “campeões” do malparado

No contexto da União Europeia, apenas Itália, Grécia e Dinamarca registaram reduções do stock de malparado mais volumosas do que Portugal no último ano (T2 2019 vs T2 2020), sendo Itália e Grécia dois dos países com o maior volume de NPL no sistema financeiro, com stocks, de respectivamente 108,4 mil milhões e 61,3 mil milhões de euros. Em termos relativos, o progresso nacional é apenas superado pela Dinamarca e Chipre. Também o rácio de NPL (que reflete o peso do crédito malparado no total do crédito concedido) em Portugal decresceu fortemente neste período, passando de 8,9% em Junho de 2019 para 5,7% em Junho de 2020. O país passa, assim, do terceiro rácio mais elevado na Europa no 2º trimestre de 2019, para o quinto no 2º trimestre de 2020.

Ainda assim, o rácio de Portugal continua a estar longe da média europeia, situada em 2,9% no 2º trimestre de 2020. Da mesma forma, apesar dos progressos na redução do stock, Portugal (8ª posição) mantém-se entre os 10 países da União Europeia com o maior volume de NPL, concentrando 3% do stock agregado, que no 2º trimestre ascendia a 526,3 mil milhões de euros.

 

Os efeitos da pandemia

Além disso, em termos trimestrais, nota-se um abrandamento desta tendência de redução, com o stock português de malparado a apresentar uma contração de apenas -2,1%, ou seja, menos 300 milhões de euros face aos 14,5 mil milhões de euros registados no 1º trimestre de 2020, e o rácio recuar de 6,2% para os actuais 5,7%. No contexto europeu, a tendência é semelhante, verificando-se já até ligeiras subidas trimestrais de stock e rácio em alguns países.

“Tal é um reflexo directo da pandemia, que veio interromper o percurso geral de redução de NPL em toda a Europa, mudando dramaticamente as condições económicas e obrigando a Banca e os Governos a darem prioridade à injecção de liquidez nas economias”, comenta Nelson Rêgo, CEO da Prime Yield.

Contudo, na sua perspectiva, “o verdadeiro impacto da pandemia no que se refere ao crédito malparado não é ainda visível, uma vez que existe um montante bastante significativo de crédito no sistema financeiro sujeito aos regimes de moratória. Uma vez terminado o período das moratórias, avizinhar-se-á um grande aumento do crédito malparado em toda a Europa e também em Portugal. Se ao actual stock, somarmos o efeito das moratórias, que em Portugal representam cerca de 44 mil milhões de euros, facilmente concluímos que a dimensão deste mercado vai crescer exponencialmente no próximo ano. De salientar que apenas agora se escoam os últimos portefólios de habitação proveniente da última crise”, nota ainda o responsável.

 

Criar mecanismos de flexibilidade, face à crise que se irá agravar

Por isso mesmo, Nelson Rêgo defende que “seria oportuno criar desde já mecanismos de flexibilidade para o estabelecimento de um verdadeiro mercado de arrendamento habitacional institucional que seja atractivo para os investidores, e que ajude, por um lado, as famílias a ter uma renda compatível com o seu rendimento, e, por outro, os bancos a escoar o stock de habitação hipotecada para veículos de investimento que sejam bem geridos e com a fiscalidade apropriada”.