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Mercado imobiliário português será afectado por factores externos que o abrandarão

21 de junho de 2022

António Nogueira Leite, Board Member da Hipoges acredita que o mercado português será influenciado por factores externos comuns que ditarão o seu abrandamento até ao final do ano.

O membro da direcção da Asset Management começa por alertar que se deve contar com a subida de taxas de juro em função de uma política monetária mais restritiva: “Não esqueçamos que nos últimos anos, a Zona Euro seguiu uma política monetária extremamente acomodatícia, assente no estabelecimento de taxas diretoras historicamente baixas e uma política de compra de ativos que quase triplicou o tamanho do balanço do BCE entre 2014 e 2021”.

Por outro lado, desde Abril de 2021 que os preços estão a subir na Zona Euro, na sequência da subida dos preços das matérias-primas, energia e alguns produtos intermédios, como resultado dos efeitos negativos da crise pandémica.

E, como seria de esperar, o mercado português será directamente afectado pela recente situação da Ucrânia e da China. A inflação despoletada pelo actual conflito e os efeitos da variante Ómicron sobre a economia chinesa e, consequentemente no rendimento disponível, “contribuirão para moderar as perspectivas de forte crescimento, nomeadamente no sector residencial, com que iniciámos o corrente ano”.

Este abrandamento no crescimento é ainda mais firmemente confirmado se caminharmos para um cenário no segundo semestre do ano em que os juros prevalecentes excedam os que os mercados têm antecipado desde o início de 2022.

Fluidez de transacções e preço de saída a mercado de novo produto afastam queda abrupta

António Nogueira Leite refere ainda a relevância de factores que, por outro lado, jogarão a favor do mercado imobiliário, e sobretudo do setor residencial. António Leite, destaca que o “crescimento da inflação e os baixos ritmos de nova construção concedem ainda elevada liquidez no mercado, com elevada fluidez de transacções apesar dos elevados preços praticados, sobretudo nos centros urbanos mais dinâmicos e zonas turísticas mais procuradas”.

O responsável avança também que a subida dos preços dos materiais e factores de produção têm levado a um importante crescimento dos custos de construção, com reflexos nos preços de saída a mercado do produto novo contribuindo assim para a perspetiva de manutenção de elevados preços de transacção comparativamente aos praticados em 2021.

Em suma, “o ano para o imobiliário poderá ser ainda globalmente positivo, sobretudo no sector residencial, mas não deixará de acomodar os efeitos da cada vez mais previsível subida das taxas de juro e do aumento relevante dos custos de construção”, conclui o membro da Direção da Hipoges, António Nogueira Leite.