Investimento imobiliário em Portugal deverá atingir 3 mil milhões em 2021
Apesar de o ano ter arrancado sob o efeito de um novo confinamento geral, o investimento imobiliário em Portugal em 2021 deverá superar, ainda que ligeiramente, o volume transacionado em 2020, que marcou o terceiro melhor resultado de sempre no mercado nacional. As perspetivas são apontadas pela Prime Yield, parte da Gloval, que apresentou, durante um webinar promovido pela Gloval, a edição 2021 do “Guia de Investimento para SOCIMIs e SIGIs”(*).
A Prime Yield estima assim que o investimento imobiliário em Portugal atinja os 3 mil milhões de euros em 2021, volume que compara em ligeira alta (num aumento de 7%) com os 2.800 milhões de euros transacionados em 2020. O ano passado registou uma queda anual de 13%, mas manteve os níveis de transação entre os patamares mais elevados do mercado.
De acordo com o “Guia de Investimento para SOCIMIs e SIGIs 2021”, apesar de os primeiros meses de 2021 serem marcados por um novo confinamento geral no país e, consequentemente, por uma atitude de maior cautela por parte dos investidores, continua a existir bastante liquidez para investir em imobiliário, antecipando-se uma forte retoma da atividade de investimento na segunda metade do ano, liderada pelos investidores internacionais, mas com uma presença cada vez mais forte dos investidores nacionais.
Segundo explica Nelson Rêgo, CEO da Prime Yield, além dos escritórios, que se mantêm entre os alvos preferenciais, entre os segmentos de maior interesse para o investimento estarão a logística, cuja procura ocupacional disparou após o crescimento massivo do comércio eletrónico; os novos segmentos da área residencial, dos quais se destaca a construção para arrendamento (build-to-rent) e as residências de estudantes; bem como a hotelaria, que apesar de estar fortemente afetada em termos de ocupação, emerge no radar dos investidores.
“Todos sabemos que o turismo foi um dos setores mais fustigados pela pandemia e que as perspetivas de recuperação da atividade turística, e, por conseguinte, do desempenho operacional dos hotéis, não são animadoras mesmo para este ano. Contudo, os hotéis, devido à sua elevada qualidade, continuam a ser ativos muito procurados para investimento e tornam-se, na atual conjuntura, especialmente apetecíveis para os fundos oportunistas”, reforça ainda o responsável.
Na sua perspetiva, há, contudo, uma mudança no radar dos investidores em hotéis, “que estão agora especialmente direcionados para os ativos situados na zona do Algarve, em detrimento das localizações de Lisboa e Porto. Isto acontece porque antecipa-se uma recuperação mais rápida do segmento de turismo de sol-praia e golfe, caraterísticos da região Sul, sendo expectável que o turismo de negócios e urbano, onde Lisboa e Porto lideram, seja mais difícil de relançar”.
Quanto aos restantes segmentos alvo de interesse dos investidores, “a logística emerge como um produto de grande interesse devido à massificação de operações de vendas online que a pandemia trouxe consigo, embora tenhamos que lidar com a falta de produto adaptado aos requisitos dos operadores. Não é de estranhar que, neste cenário, comecemos a ver mais negócios de investimento logo na fase de promoção dos ativos. Na habitação, os setores das residências de estudantes e séniores, além do co-living, vão continuar a despertar interesse, estando já em desenvolvimento vários projetos e havendo algum produto a surgir no mercado. Mas a grande promessa é o build-to-rent, que tem um enorme potencial de crescimento. Se conseguirmos ter um mercado de arrendamento institucional atrativo para os investidores será um passo muito importante para ajudar as famílias a ter uma renda compatível com o seu rendimento”, diz o responsável da Prime Yield.
No que se refere a Espanha, o “Guia de Investimento para SOCIMIs e SIGIs 2021” estima que o investimento imobiliário possa também ter um comportamento positivo este ano, atingindo os 12 mil milhões de euros de transações. Este era o volume era inicialmente estimado para 2020, ano em que o investimento acabou por cair em torno dos 30% para cerca de 9 mil milhões de euros. Tal como em Portugal, a logística; os segmentos residenciais como o build-to-rent, residências de estudantes e residências seniores; e os hotéis são encarados como os alvos mais apetecíveis para os investidores ao longo deste ano.