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Internacional

 

Investimento imobiliário multifamily europeu deve ultrapassar os 22 mil milhões de euros

7 de julho de 2020

No primeiro semestre deste ano, espera-se que a actividade de investimento europeu no segmento imobiliário multifamily possa ultrapassar os 22 mil milhões de euros. De acordo com a investigação mais recente da Savills, este resultado é semelhante aos níveis de 2019, o segundo melhor ano de que há registo.

Segundo a consultora, esta situação é impulsionada pela confiança dos investidores nos fundamentos do setor, incluindo o crescimento da urbanização, a diminuição dos agregados familiares, preços inacessíveis da habitação, bem como uma crescente procura de flexibilidade e serviços por parte dos ocupantes; factores que dependem menos da saúde cíclica da economia e dos efeitos recentes da Covid-19.

Marcus Roberts, Head of Operational Capital Markets da Savills na Europa, indica que, "numa perspectiva de preços, os investidores continuam a ter os mesmos requisitos em termos de retorno que tinham no início do ano. Assim, quando vemos um impacto nos preços, ele tem menos a ver com uma alteração dos requisitos de retorno, e mais com uma flexibilização dos pressupostos, à medida que as empresas formulam estratégias sobre níveis de rendas e taxas de ocupação num mundo pós-pandémico”.

“O montante do capital destinado a activos multifamily tem-se mantido inalterado desde o início do ano e as intenções dos investidores indicam, que poderá ser afectado mais capital aos sectores residenciais”.                                                                             

Eri Mitsostergiou, Director European Research na Savills, acrescenta: “O segmento multifamily já não pode ser considerado um investimento alternativo. Tornou-se numa classe de ativos adequada às estratégias de base, em especial em mercados como a Alemanha, os Países Baixos e os Nórdicos, onde os volumes são comparáveis ou até mesmo superiores aos dos escritórios. O setor também está a amadurecer rapidamente em Espanha e na Irlanda, onde os volumes do ano passado foram duas e cinco vezes superiores, respectivamente, à média de cinco anos”.

Em Portugal, o segmento multifamily ainda não é uma realidade mas tem suscitado uma atenção cada vez mais crescente por parte dos investidores. De acordo com Alexandra Portugal Gomes, Associate Market Research da Savills Portugal, “assisitimos também à manutenção dos fundamentais de mercado, aos quais se junta um continuo desequilíbrio e desfasamento entre a oferta de mercado e os requisitos da procura. O contexto da pandemia Covid-19 veio enfatizar a necessidade da oferta do mercado residencial se adaptar a uma nova realidade que se direciona claramente para o oferta de produto para arrendamento, respondendo desta forma a requisitos fundamentais como flexibilidade, mobilidade e comodidade”.

Alberto Henriques, Associate Director de Capital Markets da Savills Portugal, acrescenta: “Em Portugal existem cerca de 4,15 milhões de agregados familiares e o número de famílias com dois elementos ou menor já somam 47,35% segundo os últimos dados do INE, ainda assim, a percentagem de proprietários ocupantes é ainda aproximadamente 75%, acima da média da União Europeia e longe de mercados como o da Alemanha onde esta percentagem está próxima dos 50%.

Como os rendimentos dos portugueses não acompanharam o aumento do valor imobiliário no últimos anos, especialmente nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, acreditamos que o impacto económico do Covid19 venha a provocar uma maior restrição ao crédito impulsionando uma maior procura por produtos de arrendamento, particularmente por parte da população mais jovem que procura maior flexibilidade. Para os promotores que estiveram mais focados na promoção de residencial para venda, produtos como o Multifamily são mais que nunca uma resposta expectável para esta necessidade de arrendamento, criando simultaneamente um novo produto de investimento para Investidores Institucionais. O sector multifamily demonstrou que é uma fonte de rendimento resiliente durante esta pandemia como demonstram os dados do relatório da Savills, assim é natural que venha a ser um segmento de investimento também em Portugal, assim que exista produto desenvolvido”.