Investimento global em imobiliário comercial movimenta 1,02 biliões de dólares
Os volumes de investimento global no mercado imobiliário comercial estabilizaram, atingindo 1,02 biliões de dólares entre Junho de 2018 e Junho deste ano, o que representa uma queda de 0,7% face ao mesmo período do ano anterior.
Segundo o estudo anual da Cushman & Wakefield, ‘Winning in Growth Cities’, apesar desta descida, a procura manteve-se em níveis recorde, com os investidores nacionais e regionais - mais do que os players globais - a impulsionarem a actividade. Os preços elevados e a escassez de produto justificam o abrandamento da actividade de investimento, já que, de um modo geral, os investidores se mostraram pouco dispostos a entrar em mercados mais arriscados ou subir os valores de oferta, tendo em conta a incerteza na evolução das taxas de juro e no contexto económico.
As tendências variaram muito de mercado para mercado, com a América do Norte a registar um crescimento próximo dos 13% na sua actividade – o seu melhor desempenho em cinco anos – enquanto a Europa e a Ásia observaram um declínio de 12%, com quedas mais acentuadas na América Latina (-38,5%) e no Médio Oriente (-65,5%).
Nova Iorque fortaleceu a sua posição enquanto cidade número um a nível global na captação de investimento, com um crescimento anual de 20%, ocupando, pelo oitavo ano consecutivo, o primeiro lugar no índice da Cushman & Wakefield, que classifica as cidades de acordo com o seu sucesso na atracção de capital.
As cidades norte-americanas são, aliás, as que mais se destacam na edição deste ano: Los Angeles ocupa a segunda posição, enquanto São Francisco subiu três posições para o terceiro lugar, ultrapassando Londres, em quarto, e Paris, em quinto.
Ao todo, o EUA conquistaram 13 dos 25 primeiros lugares do ranking global, nove dos quais registaram um aumento dos volumes de investimento face ao ano anterior, com destaque para Boston (+ 66%), Seattle (+38%) e São Francisco (+35%). Este crescimento foi impulsionado pela procura doméstica robusta e pela contínua atractividade da liquidez dos mercados core, tendo em conta o baixo nível de retorno dos investimentos alternativos e o baixo custo de financiamento.
A Ásia Pacífico reivindicou sete das 25 cidades principais, com Tóquio (8º) a recuperar o primeiro lugar na região a Hong Kong. Por sua vez, a Europa contabiliza cinco cidades no top 25 encabeçadas por Londres (4ª) e Paris (5ª). Madrid registou claramente o crescimento mais célere no âmbito europeu, com os volumes de investimento a crescerem 144%, ocupando o 21º lugar a nível global e o 3º na Europa.
Contrariando a tendência registada na Europa, a actividade de investimento em Portugal tem vindo a manter uma evolução positiva ao longo de 2019, beneficiando do crescimento favorável da economia e do dinamismo no mercado ocupacional. Apesar de Lisboa continuar a captar a maior fatia de investimento, a liquidez dos investidores e a atractividade dos retornos oferecidos tem levado a um alargamento da procura a outras zonas do país, nomeadamente o Porto. A larga maioria do capital investido é de origem internacional, com destaque para a Alemanha e Reino Unido.
Andreia Almeida, Directora de Research na Cushman & Wakefield em Portugal, explica: “Embora com uma maior tendência para a estabilização em consequência da provável desaceleração da economia mundial, as perspectivas para a evolução do investimento imobiliário em Portugal são positivas. Dada a diversidade de produto imobiliário que actualmente se encontra em oferta no país, este consegue atrair todo o tipo de investidores, desde oportunistas a especializados, com os sectores de retalho e escritórios a continuarem entre os mais procurados. Contudo, e à semelhança do que tem vindo a verificar-se em 2019 com hotelaria, antecipa-se que o radar dos investidores continue a alargar para segmentos alternativos por via da maior maturidade do mercado”.