China: preços do imobiliário escaldam!
Os preços do imobiliário nas grandes cidades chinesas, em particular em Pequim e Xangai, não param de aumentar. A classe média aumentou enormemente nestes últimos anos, podendo afirmar-se sem contestação que ela é consequência da globalização que em muito tem beneficiado o continente asiático e, muito particularmente, a China.
Mas também essa nova classe média começa a ter muitas dificuldades em aceder aos preços de venda que se praticam nas grandes metrópoles.
Segundo o Departamento Nacional de Estatíticas da China, entre Novembro de 2015 e Novembro de 2016, os preços das casas aumentaram em média 12,6% em 70 das grandes cidades do país. Mas em Pequim, por exemplo, o aumento nesse período situou-se nos 26,4%; em Shenzhen nos 27,9 % e em Xangai atingiu mesmo os 29%... Nesta, que é a maior cidade do país, o preço do metro quadrado ultrapassa com muita frequência os 100 000 yuans, ou seja 13 700 euros. Preços que superam os preços médios praticados em cidades como Paris (cerca de 8.400 €) e mesmo em Londres (10.500€), e onde um requintado apartamento 15 000 dans nos bairros “chiques” de Kensington et Chelsea) se pode adquirir por 15.000 euros o m2.
Desigualdades sociais aumentam, assim como o fosso entre o campo e as cidades
As sinetas da preocupação há muito soaram entre os responsáveis e os economistas chineses, já que, segundo refere o jornal francês L’Opinion, o rendimento médio de um quadro chinês rondará os 8.600 yuans, cerca de 1.178 euros.
“O fosso entre o meio rural e urbano é cada vez maior – adianta a publicação. E acrescenta: “Cada vez em maior número, funcionários e assalariados que trabalham nas grandes cidades têm que ir comprar uma casa cada vez mais longe”. Os preços dos imóveis mais não fazem do que ampliar as desigualdades sociais. De acordo com Li Shi, professor de economia na Universidade Normal de Pequim citado pelo jornal Les Echos, “esta diferença quadruplicou no espaço de dez anos, devido a um sector (imobiliário) que se tornou ‘lambão’ em demasia”.
Na China, em 2016, a dívida das famílias chinesas correspondia a mais de 40% do PIB e o sector imobiliário representava 15% do PIB, sendo apontado como um dos motores do desenvolvimento económico do país nos últimos anos… A questão é saber se o motor já entrou no risco vermelho das rotações e não corre o risco de gripar.