China: Evergrande vende participação em banco comercial para ganhar liquidez
A mega-construtora chinesa Evergrande anunciou hoje a venda de 19,93% das acções do banco comercial Shengjing Bank a um conglomerado estatal, por 9.993 milhões de yuans (1.322 milhões de euros), numa altura em que regista falta de liquidez.
Em comunicado, enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande indicou que, após a transacção, a sua participação no Shengjing Bank caiu de 34,5% para 14,57%.
O dinheiro provavelmente não vai para a tesouraria da construtora, já que o Shengjing Bank exigiu que o lucro líquido que a Evergrande obtiver com a operação pague as dívidas que tem com o banco.
O conglomerado que adquiriu a participação é identificado no documento como Shenyang Shengjing Finance Investment Group, um grupo estatal, formado por diferentes instituições da cidade de Shenyang - onde o banco tem sede - e da província de Liaoning.
O motivo dado para a transacção são os “problemas de liquidez” da Evergrande, que “afectaram material e adversamente o Shengjing Bank”.
Em Maio, o portal de notícias económicas Caixin informou que os reguladores bancários chineses estavam a investigar mais de 100 mil milhões de yuans (13.227 mil milhões de euros) em transacções entre a Evergrande e o Shengjing Bank, que detém “grande quantia” de títulos da, até agora, sua principal accionista.
Mais de 75,7 mil milhões de euros de dívida acumulada
Embora a Evergrande tenha assegurado que todas as operações com o Banco Shengjing cumpriram os regulamentos estabelecidos, o vice-presidente da câmara de Shenyang pediu às empresas públicas da região que aumentassem “gradualmente” a sua participação na entidade, para “acelerar a sua conversão para um bom banco”.
No comunicado emitido desta manhã, a Evergrande garantiu que a entrada do grupo estatal vai “ajudar a estabilizar as operações do banco” e “aumentar e manter o valor” da participação que a imobiliária manteve.
A notícia foi bem recebida pelos investidores na Bolsa de Valores de Hong Kong, com as acções da Evergrande a subir mais de 13,1%, na sessão da manhã.
A Evergrande, com um passivo total de cerca de 256.000 milhões de euros, tem de enfrentar hoje o pagamento de 47,5 milhões de dólares (40,6 milhões de euros) de juros sobre obrigações emitidas fora da China.
Na passada quinta-feira, terminou o prazo para o pagamento de 84 milhões de dólares (cerca de 71 milhões de euros) de obrigações também emitidas no estrangeiro.
A Evergrande encontra-se à beira de um colapso financeiro, pressionada por uma dívida avaliada em 88,5 mil milhões de dólares (mais de 75,7 mil milhões de euros)
Lusa/DI