“Construção de habitação para a classe média só é possível com terrenos baratos”
O grupo Omega, empresa de promoção, investimento e engenharia com uma larga experiência no mercado imobiliário do Grande Porto, tem em início de construção o projecto Ramalde Residence, um edifício de habitação novo, com 64 apartamentos T1 e T2, direccionada para uma gama média de clientes, com um investimento de seis milhões de euros.
Com preços médios de 2200 a 2300 euros/m2, os apartamentos apresentam um valor entre os 120 mil e os 220 mil euros, sendo um produto que uma gama média de clientes e uma classe jovem terá possibilidade de comprar. Contudo, este é um dos poucos empreendimentos, com estas características e com preços médios, em construção ou em comercialização actualmente na cidade do Porto.
José Carvalho, CEO do grupo Omega, explica que “só conseguimos construir para a classe média se tivermos acesso a terrenos baratos”. Isto, na sua opinião, tendo em conta o peso das taxas atuais e todos os factores que oneram esta actividade, que fazem aumentar o preço final construção.
José Carvalho dá como exemplo os valores pedidos pelos imóveis para reabilitar na Baixa do Porto, onde o preço de custo, por m2, é superior “aos mil euros”, o que faz com que, no final, “temos de vender a habitação para cima dos três mil e até aos quatro mil euros/m2”.
A situação é agravada pelo facto de as políticas de habitação não serem consistentes, especialmente a nível fiscal, e, por isso, criem confiança no mercado. Uma situação que se repete com as medidas de apoio ao arrendamento que na sua opinião “são tímidas e o enquadramento é inseguro”.
Da promoção à engenharia
O grupo Omega é actualmente uma associação de quatro empresas que opera no ramo imobiliário, incorporando uma componente de investimento e promoção e uma componente de serviços de engenharia (projecto e gestão/fiscalização de empreendimentos).
Neste momento tem 35 projectos de engenharia em curso e sete empreendimentos a serem geridos/fiscalizados, dentro e fora do grupo.
Uma das empresas, a Realplano, está a desenvolver vários empreendimentos, em que se destaca a reabilitação de um edifício destinado ao Hotel Carlos Alberto, numa parceria com a Lucios. O hotel de quatro estrelas, com 70 quartos, entre a Rua das Oliveiras e a Rua José Falcão, tem um valor de investimento de sete milhões de euros.
Já na Rua de Fez, Nevogilde, iniciaram um projecto constituído por cinco apartamentos para gama alta, tipologias T3 e T4, com um valor de investimento de 2,5 milhões de euros.
Recentemente, concluíram o empreendimento Sta. Escolástica, na zona histórica da Foz Velha, constituído por quatro moradias para uma gama alta de clientes. Representou um valor de investimento de dois milhões de euros.
Através da Endless Numbers tem igualmente em carteira vários projectos, como foi o caso, na Rua da Boavista, de um empreendimento já concluído, constituído por 14 apartamentos T0 e T1. O projecto de reabilitação representou um investimento de 1,2 milhões de euros.
Na Rua Nova Rio, na zona do campus universitário da Asprela, estão a iniciar um empreendimento com 16 apartamentos, tipologias T1 e T1+1, num valor de investimento de dois milhões de euros.
Já na Rua de S. Miguel, vão iniciar a reabilitação de um edifício histórico, situado na antiga judiaria da cidade do Porto, constituído por quatro apartamentos destinados ao alojamento local, num investimento de 750 mil euros.
No caso da Rua da Quinta, na zona histórica da Foz Velha, a Endless Numbers está a desenvolver um projecto de moradias, este a iniciar-se no próximo mês. O valor de investimento é de 500 mil euros.
Destaca-se ainda a reabilitação de um edifício habitacional histórico, situado na Av. Marechal Saldanha, na Foz do Douro, Porto, para uma gama alta, constituído por 11 apartamentos. Bem como a reabilitação do edifício histórico, situado na Rua de Cedofeita, Porto, designado por Palácio dos Príncipes, destinado a arrendamento e constituído por 19 apartamentos.
Recentemente, foi anunciado pela Omega o início da reabilitação da Casa da D. Antónia, conhecida como a Casa Ferreirinha, na Foz Velha. Um empreendimento de gama alta, constituído por 23 apartamentos, T1 e T2, e cujos preços médios de comercialização vão rondar os quatro a 4500 euros/m2.
Através da OmegaFlow, tem actualmente 15 projectos de engenharia em curso, dentro e fora do grupo, e a presença em vários mercados internacionais, como é o caso de Moçambique e Brasil.
O grupo Omega apresentou um volume de negócios, em 2018, de quatro milhões de euros, e para este ano aponta para os seis milhões de euros. Tem 20 colaboradores directos.
O grupo teve a sua origem em 1986, com a fundação por parte de dois sócios, então jovens engenheiros civis (os irmãos José e Manuel Carvalho), da Omega, Serviços de Engenharia, Lda., empresa de matriz tipicamente de serviços e com uma forte vocação para o projecto de obras de engenharia civil.
Um pouco mais tarde, evoluiu para a fiscalização de empreendimentos e para a sua gestão integrada(“project management”).
Autora: Elisabete Soares - Imobiliário, Vida Económica