Factores chave na recuperação económica pós-Covid-19
A consultora Savills analisa alguns factores importantes para a recuperação económica da pandemia Covid-19, revelando que não será fácil.
De acordo com a consultora, a implementação de medidas para conseguirmos lidar com a nova realidade pós confinamento, era previsível a quebra na actividade económica. Já em 2003 durante a pandemia de SARS que atingiu a Ásia, a actividade económica diminuiu significativamente, causando uma queda temporária no PIB entre 5% e 10%. Contudo, após o final da pandemia, a recuperação económica ocorreu de forma imediata.
Segundo estimativas mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a maioria das economias vão ser afectadas, no entanto, tudo irá depender de factores como a duração dos bloqueios em cada país e a rapidez e eficiência dos apoios.
O Banco de Portugal indica que o impacto económico da pandemia seja relativamente limitado, o que irá depender das medidas tomadas pelas autoridades económicas de modo a conter os danos na economia. "Num cenário contrário, existiria maior interrupção nas cadeias produtivas globalmente com um clima de incerteza e maior turbulência no mercado financeiro. De acordo com os dados do Banco de Portugal, num cenário mais otimista a percentagem de exportações de 2020 seria -12.1% e no cenário mais adverso seria -19.1%. Relativamente ao consumo privado, em 2020 no cenário optimista seria -2.8% e no cenário mais adverso seria de -4.8%. A taxa de desemprego também se destaca, pois, os números no cenário oposto são sempre superiores ao do cenário mais optimista", explica a Savills.
Com o disparo da pandemia em Portugal no mês de Março, as taxas de juro das obrigações a 10 anos começaram a subir. Antes da Organização Mundial de Saúde ter declarado o estado de pandemia mundial, as taxas estavam a rondar os 0,2% e em Fevereiro haviam descido para um mínimo de 0,15%. No entanto, a trajectória em Março foi descendente, com uma subida acentuada para quase 1,6%.
A Savvils refere que a recuperação económica pós Covid-19 não será fácil, mas existem alguns factores-chave para ter em consideração.
"Portugal foi um exemplo de resiliência e recuperação na crise de 2008 e ocupou um lugar no mapa de investimentos internacionais, particularmente nos últimos dois anos, que somaram um investimento total de mais de 6 bilhões de euros. Na época do impacto da Covid-19, a economia portuguesa estava numa fase de crescimento económico estável e sustentado e estamos em terreno vantajoso na corrida pela recuperação, uma vez que o seu plano de contingência foi aplicado numa fase ainda muito preliminar na disseminação do vírus. Somos o destino de escolha para a implementação de várias empresas multinacionais e temos um destino turístico muito seguro, oferecendo uma das melhores relações qualidade-preço do mundo", explica.
A Covid-19 continua a ser um desafio de curto prazo, mas há que pensar no relançamento da economia no momento imediato ao alívio das restrições do funcionamento dos mercados.
Na opinião de Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, “nas próximas semanas, meses, iremos assistir a uma revisão das projecções económicas em baixa e assistiremos ao anúncio de um significativo número de pedidos de insolvência, sobretudo nos EUA, onde os mercados reagem sempre mais rápida e violentamente. No entanto, o contexto que vivemos é muito distinto do da última crise, sendo previsível que irá ser mais limitado no tempo, como nos revelam os sinais recebidos da Ásia, região onde a pandemia teve a sua génese e a Savills se encontra fortemente representada e na qual verificamos que os nossos escritórios estão praticamente todos abertos e com níveis de actividades crescentes".