Mercado global de escritórios: Construção em excesso?
Vamos assistir nos próximos três anos a um boom nunca visto de construção de novos escritórios, com mais de 65 milhões de metros quadrados previstos, uma área equivalente ao total de espaços de escritórios existente em cinco cidades – Washington, Dallas, Londres, Singapura e Xangai.
Segundo o último estudo “Global Office Forecast”, publicado pela consultora Cushman & Wakefield, apesar de ser esperado que a procura, assim como o crescimento do emprego, se mantenham estáveis durante este período, totalizando 48 milhões de metros quadrados, estará longe dos valores de oferta, o que fará aumentar a taxa de desocupação na maioria das cidades analisadas. Deste ponto de vista, poderemos afirmar que estamos a construir em excesso.
Por outro lado, ao longo desta expansão global a preferência dos ocupantes é claramente por edifícios novos e de elevada qualidade. Nos EUA por exemplo, este tipo de escritórios constituíram 65% do novo espaço ocupado desde 2012. A maioria dos promotores que têm apostado na oferta de produtos prime acabam por arrendar melhor e mais rapidamente, mesmo em mercados onde a taxa de desocupação é elevada.
Este boom na promoção de novos edifícios de escritórios é liderado pela região Ásia-Pacifico, que totalizará 60% da nova construção, especialmente nas cidades de Pequim, Shenzen, Xangai, Manila e Bangalore. Estas 5 localizações totalizam 55% de toda a nova construção da Ásia, o que corresponde a um terço de toda a construção prevista a nível global.
Também no continente americano se está a registar um forte crescimento na construção de escritórios, concentrada essencialmente nas grandes cidades.
Relativamente à Europa, o relatório mostra que apesar de haver vários projectos em construção, a área esperada é bastante menor que nas outras regiões. As cidades que terão mais novos edifícios nos próximos dois anos são Paris, Viena, Londres e Bruxelas.
Portugal apresenta uma evolução em contraciclo a esta tendência, com a retoma do mercado de escritórios a não ter ainda a repercussão expectável na actividade de promoção, que se mantém nos níveis mais baixos de sempre. Para tal têm contribuído um nível rendas que ainda inviabiliza o desenvolvimento de novos projetos, as limitações no financiamento à construção e a concorrência do produto residencial.
"Muitos promotores continuam a optar por assegurar uma pré-ocupação dos seus projetos – entre os 59.000 m² de nova oferta de escritórios em construção 71% tem ocupação garantida – mas a procura potencial do mercado, particularmente por espaços de qualidade de média e grande dimensão, deverá levar a que surjam em breve novos projectos no mercado", revela o estudo.