Mercado de escritórios em Lisboa levará um ano a retomar a sua actividade
No início deste ano irão realizar-se menos negócios devido à pandemia e espera-se um crescimento apenas na segunda metade do ano. Os contratos serão de menor duração e espera-se um ligeiro ajuste nas rendas.
De acordo com a consultora Worx - Real Estate Consultants, o mercado de escritórios não escapa às consequências da pandemia da Covid-19. Numa projecção para este ano, estima que os níveis de confiança no consumidor serão recuperados a partir da segunda metade deste ano, o que provocará uma retoma gradual da actividade no mercado de escritórios em Lisboa.
Porém, a Worx refere que a incerteza quanto ao controlo da pandemia tem adiado as tomadas de decisão, prevendo-se menos negócios. Procurar-se-ão contratos de menor duração e espera-se um ligeiro ajuste nas rendas, apesar da renda prime manter-se na marca dos 25 euros/m2/mês, aproximadamente.
Segundo Pedro Salema Garção, Head of Agency da Worx, os principais negócios serão avançados por empresas de grande dimensão. A Worx prevê fechar cerca de 10 transacções no primeiro semestre, que representam cerca de 15.000 a 18.000 m2. Além disso, “vamos assistir a maiores renegociações, reduções de área e, nos casos onde a mudança não é uma prioridade, um maior atraso nos processos”, reforça o director da Worx.
A procura de espaços com menor dimensão, e a necessidade de redução da área ocupada por parte das empresas (optando em alguns casos pelo subarrendamento), resultará numa maior oferta de escritórios usados. Em conjunto com a nova construção, espera-se duplicar a taxa de disponibilidade no mercado em comparação com 2019, tendo em conta que neste ano registou-se o valor mínimo histórico de cerca de 5,3%.
A consultora indica ainda que com o aumento da oferta acresce também a competitividade entre proprietários na captação de inquilinos. Como resposta, até ao final do ano, haverão mais contribuições de fit-out e um aumento dos incentivos.
Entre outros aspectos, de salientar que a questão da sustentabilidade tem sido cada vez mais uma necessidade na procura dos clientes. A nova oferta deverá continuar a ajustar-se, diferenciando-se com os demais certificados ambientais, como por exemplo, o Breeam, Leed e Passivhaus.
O pipeline de nova oferta para o mercado entre 2021 e 2024 soma cerca de 300.000 m2, sendo que 52% deste volume já se encontra em fase de construção. "No entanto, os projectos que ainda não iniciaram obras continuarão a ser adiados enquanto não se verificarem indícios de um aumento da actividade económica", escreve a consultora no seu relatório.
Pedro Salema Garção afirma ainda que “temos assistido a alguma instabilidade nos projectos em construção, na medida em que os promotores têm mostrado preferência em protelar a obra por forma a evitar o impacto da covid no processo de negociação”.
Com o efeito da pandemia, o take up em 2020 (137.892m2) marca uma taxa de variação anual negativa de cerca de -29p.p., sendo expectável que o volume absorvido em 2021 seja inferior ou muito semelhante ao ano transacto, dadas as limitações dos últimos e próximos meses.
Com a tendência do teletrabalho a continuar a vigorar, estima-se que o mercado de escritórios em Lisboa levará um ano a retomar a sua actividade. “A longo prazo, prevê-se que as empresas optem por um sistema equilibrado entre o escritório e o trabalho remoto, verificando-se cada vez mais a entrada, em Portugal, de empresas internacionais e o reforço das pré-existentes”, conclui Pedro Salema Garção.