Câmara do Porto quer ecopista no Ramal da Alfândega
A Câmara do Porto quer avançar já com a criação de uma ecopista no Ramal da Alfândega, enquanto não se discute a utilização definitiva a dar este canal ferroviário, para o qual estão a ser estudadas duas soluções.
Na proposta que vai ser discutida na reunião privada do executivo municipal de segunda-feira, o município explica estar a estudar duas soluções para aproveitamento do Ramal da Alfândega (antigamente conhecido também como “O Comboio da Batata”), sendo que o primeiro consiste na criação de um novo percurso pedonal e ciclável aproveitando os troços em túnel e a céu aberto. Este projecto prevê ainda a requalificação ambiental e paisagística da sua envolvente, nomeadamente através da criação de um parque urbano em socalcos, em toda a área adjacente ao canal ferroviário e o reforço da relação entre a cota baixa, junto ao rio, e a cota alta, da cidade consolidada, estando previstas diversas ligações, algumas das quais a dotar de meios mecânicos.
Ligação rápida entre Campanhã e a Alfândega
A segunda hipótese consiste na utilização do Ramal da Alfândega para uma ligação rápida entre Campanhã e a Alfândega, através de um transporte pendular "eléctrico" que teria como objectivo principal “a redução do número de veículos motorizados que entram diariamente na cidade” e, ao mesmo tempo, a reconversão de parte do parque de estacionamento da Alfândega numa zona de fruição e lazer, assinala a proposta assinada pelo vereador do Urbanismo, Espaço Público e Património, Pedro Baganha.
De acordo com o documento, estes dois projectos encontram-se em preparação para serem alvo de um debate alargado às forças políticas e à cidade.
A autarquia pretende, contudo, que enquanto a discussão pública decorre, seja desenvolvida uma "solução simplificada" que permita, "desde já, a abertura deste percurso à fruição da população, iniciando a recuperação do canal com custos de implementação reduzidos" e "garantindo a curto prazo a funcionalidade e a segurança da sua utilização como ecopista dedicada aos modos suaves de mobilidade, de cariz turístico e de lazer".
A execução dessa ecopista não compromete a opção definitiva de aproveitamento do ramal que se vier a adoptar, permitindo ao mesmo tempo que a população use este percurso, conheça este território e participe de forma mais informada na discussão pública que se promoverá, detalha a proposta.
111 anos de funcionamento ferroviário
O Ramal da Alfândega, que liga Campanhã à Alfândega através da antiga linha da ferroviária ao longo da encosta do Douro, foi, no final do século XIX e início do século XX, muito importante para a cidade, na medida em que por este local passavam todo o tipo de mercadorias, chegadas por via marítima à Alfândega e transportadas de comboio para resto do país a partir da Estação de Campanhã.
Contudo, no decorrer da segunda metade do século XX, o ramal foi perdendo lentamente a sua importância comercial, na sequência da transferência da actividade portuária para o Porto de Leixões, acabando por ser desactivado em 1989.
Apesar de desactivado, o Ramal da Alfândega permanece no domínio público ferroviário sob gestão da IP Património - Administração e Gestão Imobiliária, S.A. (IP), o que torna necessária a celebração de um contrato de subconcessão de uso privativo destes bens.
Nesse sentido, o município propõe que este contrato seja submetido à autorização da Assembleia Municipal, face à intenção da autarquia de recuperar este percurso.
Lusa/DI