2022 será um ano de recordes de vendas para muitos operadores
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal revela que o ano de 2022 fecha com um grande dinamismo e com recordes de vendas para muitos operadores. Refere ainda que o mercado imobiliário residencial continua com uma enorme necessidade de construção nova e que em 2023 haverá, seguramente, no mercado de imóveis usados uma estabilização e definição mais racional dos preços de venda, bem como uma forte dinâmica da procura internacional.
Que balanço faz do mercado imobiliário de 2022?
Podemos afirmar que 2022 foi um ano muito dinâmico a nível da procura, tanto nacional como internacional, e tudo indica que será um ano de recordes de vendas para muitos operadores, apesar do claro arrefecimento que se regista já nestes últimos meses do ano.
Quais os desafios que mais afectaram o mercado?
Na realidade, este é um ano com diversos desafios e alguns deles sem precedentes. Contudo, destacaria que o mercado imobiliário residencial continua com uma enorme necessidade de construção nova, no segmento médio e médio baixo, nos principais mercados das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
Esta é uma consequência dos longos processos de licenciamento, dos elevados custos de construção actuais, da falta de mão-de-obra, de um sector pouco industrializado e digitalizado que, desta forma, não permite aos operadores agilidade e rentabilidade para produzir construção nova nestes segmentos.
Por outro lado, a subida dos juros e a diminuição das maturidades permitidas na nova contração de crédito habitação estão, e irão, impor maiores desafios de acessibilidade à habitação, o que irá contribuir para limitar, progressivamente, a procura.
O que se pode esperar para 2023?
Há muitos factores económicos e geopolíticos que serão determinantes na evolução da economia portuguesa e do mercado imobiliário, em particular. A vantagem é que na actual conjuntura, nem o sector imobiliário, nem Portugal estão tão exposto aos riscos como esteve noutros momentos, no passado.
Este é um contexto muito diferente do que vivemos no passado, porque actualmente não há um excesso de endividamento das famílias, existe financiamento disponível e o risco de incumprimento com a subida das taxas de juro é muito inferior ao da última crise financeira, porque desde essa data que os critérios de concessão de crédito se alteram radicalmente, para assegurar uma maior robustez e sustentabilidade do sistema.
É expectável que as taxas de juros continuem a subir ao longo de 2023, situação que irá obrigar os portugueses a redefinirem os seus critérios de procura de habitação, em particular o valor que podem despender para comprar a sua casa e as zonas onde terão que procurar soluções habitacionais, de acordo com a oferta existente na respectiva gama de preços.
Neste sentido, estamos confiantes que existem condições para encontrar soluções de habitação para os portugueses. Haverá, seguramente, no mercado de imóveis usados uma estabilização e definição mais racional dos preços de venda, bem como uma forte dinâmica da procura internacional que irá permitir que Portugal possa registar níveis de transações imobiliárias ao nível do ano de 2019 e 2021.