Portugal é o destino europeu que mais cresce em França e nos Estados Unidos
Portugal continua a ser um dos destinos europeus preferidos dos turistas internacionais. Para os franceses e os norte-americanos é o 1º destino, revelou o estudo apresentado por Augusto Mateus, no congresso da APAVT 2019.
Apesar de no 45º Congresso da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, que está a decorrer no Funchal, na Madeira, a palavra mais pronunciada ser o fim de ciclo e o abrandamento do crescimento da actividade do turismo, o consultor Augusto Mateus, na sua intervenção deixou claro que não devemos deixar de apostar no turismo e sobretudo, “Ganhar o país para o turismo”.
Apresentando o tema TURISMO: Opções estratégicas - Ganhar o país para o turismo, o consultor estratégico da EY – AM&A colocou os desafios que o sector enfrenta para entrar num novo ciclo do turismo.
O especialista lembrou que o Turismo cresceu à escala mundial, na última década, 4% ao ano, tanto em termos de turistas como de receitas. "Apesar desse crescimento das receitas tornou-se, no entanto, na evolução mais recente menos estável e dinâmico reflectindo a crescente diversificação económica, social e cultural dos turistas e o papel da alavancagem da redução do preço relativo das viagens no seu próprio dinamismo".
Quanto a Portugal, o número de hóspedes e de dormidas (residentes ou não residentes no país) foi, em 2018, 88% e 72% superior aos números registados em 2008, totalizando 25,2 milhões de hóspedes e 67,7 milhões de dormidas. Sabendo que o grande motor deste crescimento tem sido, sobretudo, a procura externa.
O consultor indicou ainda, que a evolução recente é marcada pela relevância das estadas mais curtas, tanto no turismo inbound como no outbound.
Augusto Mateus referiu ainda, que o “bom desempenho recente do turismo nacional é comprovado pela comparação no panorama europeu e mediterrânico. Portugal é o quarto país, no referencial da Europa e do Mediterrâneo, com maior crescimento na arrecadação de receitas turísticas internacionais (50%, sendo Portugal superado pela Islândia, Malta e Lituânia)”.
No estudo que revelou, verifica-se que o bom desempenho português é também visível na variação do número de dormidas (55%), em que é apenas superado pela Islândia, Argélia, Países Baixos, Polónia, Lituânia, Roménia e Suécia.
Lisboa foi a região que mais contribuiu para o crescimento do turismo, com três milhões de novos hóspedes e oito milhões de novas dormidas.
A capital portuguesa assumiu-se enquanto principal região turística, em termos de número de hóspedes e receitas turísticas. Em termos de dormidas, o Algarve continua a revelar-se como região turística mais relevante. Estes resultados exprimem as diferenças regionais em termos de estada média. Se no Algarve este indicador se aproxima das 4,5 noites (4,9 em 2008), em Lisboa não passa dos 2,3 e nas restantes regiões continentais é 1,8.
Nos números apresentados, realce para o facto do turismo inbound português continuar bastante concentrado nos mercados de proximidade, sobretudo Reino Unido, Alemanha, Espanha e França.
Portugal é quarto destino europeu que mais cresce no Reino Unido, embora a evolução em termos de receita não acompanhe o crescimento de turistas.
O nosso país é o destino europeu que mais cresce em França, absorvendo já 6% dos turistas internacionais franceses.
Portugal é o segundo destino europeu que mais cresce na Holanda, destacando-se a aceleração desde 2013.
Portugal é destino europeu que mais cresce nos Estados Unidos, acompanhado de perto pela Croácia e o sexto destino europeu que mais cresce na Coreia do Sul.
Actividade turística vale 17% do PIB nacional
O consultor da EY indica ainda que a actividade turística vale 17% do PIB nacional, considerando efeitos directos e indirectos, e contribui com 11 mil milhões de euros para a balança corrente.
“O contributo total do turismo em Portugal é cerca de dez pontos percentuais superior ao registado a nível europeu ou mundial em termos de geração de riqueza. Releve-se também o impacto no saldo da balança turística e o seu contributo para equilibrar o saldo da balança corrente e de capital”, adiantou.
“Ganhar o país para o turismo”
Sobre os desafios e a estratégia para o futuro do turismo, Augusto Mateus afirma que é necessário “ganhar o país para o turismo”, garantindo, em simultâneo, um alargamento dos ganhos do país com o turismo e uma difusão mais equilibrada dos mesmos.
Refere que o diagnóstico evidencia a crescente importância do turismo para a economia nacional e a magnitude dos seus impactos em termos de PIB, emprego e da estabilização das contas externas. Importa no entanto reconhecer duas ideias chave:
- O turismo não pode ser encarado como portador de efeitos exclusivamente positivos. Existe um conjunto de outros impactos qualitativos que importa identificar, reconhecer, valorizar com o intuito de gerar maior confiança no desenvolvimento turístico como instrumento de crescimento económico, geração de emprego e progresso social.
- O turismo não pode ser concebido como uma atividade genérica suscetível de ser desenvolvida em todos os territórios.
Como ganhar o país para o turismo, sem deixar de melhorar e equilibrar os ganhos do país com o turismo? Autgosto Mateus revela que se deve maximizar os benefícios e minimizar os custos associados às atividades turísticas, colocando o bem-estar das populações e a sustentabilidade dos destinos no centro da estratégia.
O consultor indica também uma estratégia competitiva para o turismo assente em quatro processos de transformação: Digital, Segurança, Sustentabilidade e Mobilidade.
http://www.diarioimobiliario.pt/Turismo/Ilha-da-Madeira-recebe-a-45a-edicao-do-congresso-da-APAVT