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Quando o campo volta a chamar os portugueses...

 

Quando o campo volta a chamar os portugueses...

17 de dezembro de 2025

Trocar a cidade pelo campo deixou de ser apenas um sonho romântico para se tornar uma opção real para muitos portugueses. Um novo estudo indica que 48% dos portugueses consideram que as vantagens da vida rural superam as da cidade, numa mudança impulsionada sobretudo pelo trabalho remoto, pela procura de bem-estar e por uma ligação mais próxima à natureza.

A tendência não é apenas nacional. Dados do Vodafone Institute for Society and Communications mostram que 56% dos europeus manifestam o desejo de deixar os centros urbanos para voltarem a ligar-se à natureza, um sentimento reforçado após a pandemia. Entre os residentes das grandes cidades, 45% admitem que mudaram a sua percepção sobre a vida rural, enquanto 69% apontam o contacto com a natureza como a principal vantagem do campo.



Uma nova vida fora da cidade

Em Portugal, esta mudança de mentalidade é visível sobretudo entre quem passou a beneficiar do teletrabalho: 53% dos inquiridos dizem que o trabalho remoto facilita a possibilidade de viver fora dos grandes centros urbanos. A ideia de uma rotina mais simples, saudável e menos acelerada ganha terreno, abrindo espaço a novos modelos de habitação e comunidade.

É neste contexto que surgem projectos como a Traditional Dream Factory (TDF), uma aldeia regenerativa no Alentejo que propõe um estilo de vida alternativo, onde tecnologia, comunidade e sustentabilidade coexistem. Localizada em Abela, a TDF acolhe pessoas que decidiram deixar para trás o ritmo urbano para experimentar uma vida mais alinhada com o equilíbrio pessoal e ambiental.



Imagens TDF



Histórias de reconexão

Emily, arquitecta londrina, chegou à TDF depois de anos a lidar com uma doença crónica. “Londres dava-me oportunidades, mas não tempo”, conta. No Alentejo, encontrou uma rotina mais lenta e uma nova relação com o corpo e com a terra, acompanhando de perto processos de regeneração natural.

Kinga, antiga gestora de produto em Berlim, trocou o escritório pela horta. O que começou como duas semanas de voluntariado transformou-se em vários meses de aprendizagem prática. “É exigente, mas é real”, resume, sublinhando a satisfação de produzir os próprios alimentos e participar na recuperação de solos degradados.

Também Luna, designer de luxo que se reinventou como especialista em sexualidade somática, encontrou na TDF um novo sentido para o trabalho. Hoje, integra a comunidade fundadora e dedica-se à hospitalidade e à mentoria de novos residentes. “Viver e trabalhar passaram a ser a mesma coisa”, explica, destacando a ligação entre realização pessoal e regeneração ambiental.



Abela - imagem TDF



Campo não é fuga, é escolha

A vida numa aldeia regenerativa está longe de ser idílica: há Invernos rigorosos, Verões intensos e trabalho físico diário. Ainda assim, para quem ali vive, o equilíbrio entre comunidade, natureza e propósito compensa os desafios. A aprendizagem é contínua — desde permacultura e construção sustentável até governança comunitária e economia local.

Num momento marcado pela crise climática e pela exaustão urbana, o regresso ao campo surge menos como uma fuga e mais como uma escolha consciente de estilo de vida. Projectos como a Traditional Dream Factory reflectem uma tendência mais ampla: a de repensar onde e como se vive, colocando o bem-estar, a sustentabilidade e a comunidade no centro do quotidiano.



Abela - Imagem TDF