
energia renovável
Projecto “perfeito” da FEUP quer revolucionar as comunidades de energia renovável
A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) acaba de ser escolhida e financiada em 5,4 milhões de euros pela Comissão Europeia para liderar o projecto INNO-TREC, que pretende melhorar as Comunidades de Energia Renovável (CER), que consistem em colectividades de consumidores – sejam eles cidadãos, empresas ou autoridades locais – que, através de uma instalação de centrais de produção de energia fotovoltaica compartilhada, produzem energia local, limpa e descarbonizada.
Em comunicado, a FEUP, explica que estas comunidades que se unem para produzir, consumir e partilhar energia 100% renovável estão no centro das ambições europeias para um sistema energético mais limpo, democrático e sustentável, contudo, e apesar do seu potencial, os cidadãos e entidades que pretendem criar ou gerir uma CER enfrentam obstáculos significativos: processos legais complexos, desafios técnicos, custos elevados e falta de ferramentas fiáveis para apoiar a implementação e operação de sistemas fotovoltaicos comunitários – a tecnologia mais utilizada nestas comunidades.
Para dar resposta a estas limitações, nasce o projeto Innovative Transactive Renewable Energy Communities (INNO-TREC), em português Comunidades Inovadoras de Energia Renovável Transacional, que irá desenvolver a próxima geração de ferramentas digitais gratuitas, intuitivas e baseadas na web, capazes de apoiar todo o ciclo de vida de uma CER, desde a sua criação ao dimensionamento de sistemas partilhados, e da gestão diária à monitorização, manutenção e otimização do desempenho energético.
Com uma taxa de aprovação extremamente reduzida e um nível de exigência raramente observado no Horizonte Europa – o programa-quadro de investigação e inovação da União Europeia para o período de 2021-2027 –, a Comissão Europeia selecionou o INNO-TREC como um dos apenas três projetos financiados entre 76 candidaturas avaliadas, uma taxa de aceitação de apenas 3,9%, valor bastante seletivo que demonstra o potencial disruptivo do projeto.
Coordenado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o projeto foi distinguido com a pontuação máxima de 15/15, sendo considerado “perfeito” pelos avaliadores. O financiamento total ascende a 5,4 milhões de euros, numa das calls mais competitivas do programa europeu para a energia.
Consórcio de 20 parceiros do meio académico e industrial
Com um consórcio de 20 parceiros de excelência do meio académico e industrial, o INNO-TREC será testado em seis países – Grécia, Bélgica, Irlanda, Reino Unido, Itália e Portugal – permitindo validar modelos inovadores de funcionamento comunitário e novos mecanismos de transação e valorização energética adaptados às realidades locais. Para além da componente tecnológica, o INNO-TREC procura reforçar o espírito comunitário e promover maior participação, autonomia e rentabilidade dentro das CERs.
A liderança portuguesa deste consórcio ficará a cargo dos Professores João Catalão e Cláudio Monteiro, ambos da FEUP, que irão coordenar o desenvolvimento científico e tecnológico do projeto ao longo dos próximos anos, que arranca em Janeiro de 2026.
“Este projecto representa uma oportunidade única de dar um salto qualitativo no acesso dos cidadãos à energia renovável e na forma como as comunidades se organizam em torno dela”, sublinham os coordenadores, que destacam o compromisso da FEUP em liderar soluções inovadoras com impacto directo na sociedade.
O INNO-TREC estabelece, assim, as bases para uma nova geração de comunidades de energia mais eficientes, inclusivas e sustentáveis, contribuindo diretamente para os objetivos europeus de neutralidade carbónica e democratização do sistema energético.
Este é o segundo projeto europeu “consecutivo” liderado pela FEUP, na área da energia, a seguir ao EU-DREAM, também coordenado por João Catalão, e que contou igualmente com uma classificação 15/15. No seu conjunto, os projectos INNO-TREC e EU-DREAM têm um orçamento global de quase 10 milhões de euros, dos quais aproximadamente 1,2 milhões de euros entram directamente e apenas para a FEUP.












