CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Sustentabilidade

MBFY10

Portugal desenvolve barco de transporte de passageiros eléctrico mais eficiente do que os actuais

5 de setembro de 2024

Portugal está a produzir um barco de transporte de passageiros eléctrico, com zero emissões, e até 80% mais eficiente do que os actuais ferries a gasóleo e já existe um protótipo: o MBFY10.

A eficiência desta embarcação é conseguida através de um sistema de foiling - um dispositivo semelhante a uma asa, que é instalado na parte inferior do casco da embarcação e permite reduzir o arrasto hidrodinâmico – desenvolvido pela MobyFly. Deste modo, é possível atingir, flutuando, maiores velocidades com um menor consumo de energia. O modelo é resultado de quase dois anos de investigação e de uma parceria entre a Mobyfly com o INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência -, o Catana Group e a Corvus, no âmbito do Projecto Europeu FLYPASS. 

No próximo dia 10 de setembro, a MobyFly vai abrir as portas para apresentar e demonstrar o MOBFY10, no rio Douro, com encontro marcado na Marina do Freixo, entre as 15h00 e as 16h00.

O transporte marítimo é actualmente responsável por mais de 3% das emissões globais de CO2, e as emissões totais deste sector continuam a aumentar, prevendo-se que atinjam 5% em 2050. Foi este o mote para criação de uma embarcação hidrodinâmica mais sustentável para o transporte de passageiros, recorrendo a tecnologias de ponta, como um sistema automático de atracagem e carregamento, a combinação de motores elétricos, baterias e sistemas de controlo avançados para otimizar o desempenho e a eficiência energética, e a utilização de um hydrofoil. Portugal assume, assim, um papel dianteiro na produção de barcos eléctricos de transporte de passageiros, oferecendo soluções únicas, eficazes e com zero emissões.

“O que torna este protótipo único é a integração e combinação de múltiplas tecnologias. A embarcação, dedicada ao transporte de passageiros, baseia-se numa estrutura robusta e segura com peso mínimo e, a par disso, utiliza um sistema de foiling projectado pela Mobyfly”, adianta Bruno Ferreira, investigador do INESC TEC, sublinhando que “a embarcação utiliza ainda um grupo motopropulsor eléctrico aliado a tecnologia de gestão da energia, através de carregamento rápido das baterias e desenvolvimento de módulos de baterias exclusivos, para satisfazer todas as necessidades energéticas e operacionais do barco, em termos de velocidade e autonomia”.

"Reunimos o melhor das tecnologias marinhas, tornando-as mais competitivas e aplicando-as ao sector do transporte marítimo, de forma a introduzir embarcações de alto desempenho e de maior eficiência energética no mercado dos ferries", refere Sue Putallaz, cofundadora e CEO da MobyFly.

"De momento, o nosso objectivo passa por produzir esta tecnologia a uma escala industrial, e disponibilizá-la aos principais operadores", acrescenta Ricardo Bencatel, cofundador e CTO.

"Este projeto personifica a inovação no setor marítimo, combinando propulsão elétrica e tecnologia de foiling. Não só fomos capazes de ultrapassar os limites da eficiência energética, como também conseguimos estabelecer um novo padrão para os ferries de passageiros do futuro - criando uma embarcação sustentável e de alto desempenho, que produz zero emissões", afirma Antoine Maillot, diretor-geral da Catana Group Portugal.

O primeiro protótipo da embarcação – o MBFY10 - foi construído ainda em 2022, e desenvolvido, no âmbito do projeto FLYPASS, para testar a integração do sistema de controlo do foiling, do sistema de atracagem automática e das baterias. Com todos os testes feitos, a nível da produção eficiente e de utilização pelas tripulações, tornou-se possível viabilizar uma solução comercial.

A versão mais recente da embarcação será produzida como uma linha de pré-série de produção em Portugal e já tem um cliente com um contrato assinado. O modelo de bateria atualizado já está a ser desenvolvido pela Corvus, um dos parceiros do projeto. “Tal só é possível com a criação e consolidação de equipas de investigação e design que constituem a base para novas inovações”, acrescenta Bruno Ferreira.

O projeto FLYPASS é financiado pela Islândia, Liechtenstein e Noruega, através dos EEA.