
Península Ibérica lidera investimento hoteleiro na Europa
A Península Ibérica consolidou-se em 2025 como o principal destino europeu para investimento hoteleiro, captando 19% do total investido no sector nos primeiros nove meses do ano, segundo o estudo Iberian Hospitality Trends divulgado pela consultora CBRE. O desempenho supera mercados tradicionalmente dominantes, como o Reino Unido (16%) e França (13%).
Até setembro, o investimento hoteleiro europeu atingiu 16 mil milhões de euros, mais 1,2 mil milhões do que no período homólogo. Portugal e Espanha destacam-se pela evolução estrutural dos seus mercados turísticos, marcada pela recuperação pós-pandemia, pela crescente procura internacional e pelo reforço de segmentos de luxo e lifestyle.
Portugal: crescimento sustentado e aposta no luxo
Face a 2019, Portugal registou aumentos de 39% no preço médio diário (ADR) e de 44% na receita por quarto disponível (RevPAR). O mercado português tem sido impulsionado sobretudo pelo turismo de origem norte-americana, que cresceu 91% desde 2019 e privilegia produtos de gama alta.
“O RevPAR de Lisboa continua forte, embora ainda entre 18% e 25% abaixo de Barcelona”, assinala José Maria Moutinho, Head of Research da CBRE Portugal.
O investimento hoteleiro em Portugal atingiu 341 milhões de euros até Novembro, posicionando este segmento como o segundo mais relevante do imobiliário comercial. A aposta no luxo é dominante: 81% do capital transaccionado nos primeiros três trimestres foi direccionado para unidades de 5 estrelas.
O perfil de investidores distingue-se do espanhol: em Portugal, predominam investidores institucionais (59%), enquanto em Espanha são as cadeias hoteleiras que lideram (41%). Nos últimos cinco anos, o Algarve captou 52% do investimento hoteleiro, seguido de Lisboa (18%) e Porto (12%).
Lifestyle e wellness reforçam receita
Os hotéis lifestyle assumem-se como uma categoria estratégica e altamente rentável. Em Lisboa, um hotel de 4 estrelas atinge em média um ADR de 137 euros, enquanto um hotel lifestyle pode chegar aos 260 euros — um prémio de cerca de 90%.
As tendências de bem-estar e restauração reforçam igualmente a performance hoteleira. Turistas focados em wellness — sobretudo Geração Z e Millennials — gastam, em média, mais 177% do que o visitante médio. Nas unidades de restauração, as receitas por quarto ocupado também subiram em todas as categorias.
Alojamento Local mantém papel estrutural
Em 2024, o Alojamento Local representou 46% das camas e 44% das dormidas em Lisboa, gerando mais de 531 milhões de euros. A CBRE estima que, sem o AL, Lisboa precisaria construir mais de 10.000 quartos de hotel para responder à procura actual.
O crescimento da oferta turística na capital desde 2019 não foi impulsionado pelo AL, mas sim pelos hotéis e apartamentos turísticos, que aumentaram de forma significativa.
Perspectivas para 2026
A CBRE antecipa manutenção do dinamismo no sector, com crescimento de hóspedes na Península Ibérica — até Setembro, +3% em Portugal e +1,7% em Espanha. Entre as tendências emergentes destacam-se:
• expansão das Branded Residences e Serviced Apartments de luxo;
• maior integração entre hotelaria e AL;
• entrada de grandes grupos hoteleiros no arrendamento de curta duração e vice-versa.













