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Opinião

 

O BIM e a Gestão de Projetos

22 de maio de 2020

Atualmente, os gestores de projeto tendem a assumir um papel limitado na implementação e utilização do BIM (Building Information Modelling) como parte do processo de desenvolvimento dos projetos de construção e infraestruturas. Para maximizar o potencial desta metodologia, requer-se uma maior proatividade e entendimento sobre as implicações e possibilidades que o BIM pode proporcionar ao ambiente construído.

O gestor de projetos pode influenciar na forma como os processos são adaptados e nos requisitos necessários para facilitar a implementação BIM. Deverá assim participar na tomada de decisão desde cedo, capitalizar sobre a sua experiência em comunicação, coordenação e colaboração, e estar ciente das vantagens e desafios desta abordagem, que no final do dia tem apenas o seguinte objetivo: melhorar a forma como os projetos são desenvolvidos e como os ativos são geridos, facilitando, para todas as partes interessadas, o acesso à informação correta, da entidade correta, na forma correta e no tempo correto.

A gestão BIM deve ser assegurada por uma entidade independente e respeitar os requisitos da ISO19650, a norma internacional para gerir a informação ao longo do ciclo de vida de um ativo construído utilizando BIM. Nesta norma encontramos a descrição do processo de gestão a seguir para cada fase de contratação deste tipo de serviços, ao longo do desenvolvimento dos projetos.

A utilização do BIM evolui ao longo do ciclo de vida do ativo, variando desde a conceção, mais orientada para a produção de informação, até à construção e exploração, onde existe um maior foco na extração e utilização da informação. A importância da coordenação de projetos é frequentemente reconhecida apenas quando algo de errado acontece, existindo a tendência de transferir erros de conceção, medição e outros para a fase de construção. Os gestores de projeto têm a oportunidade de mitigar estas ineficiências por recurso à metodologia BIM, desde que previamente definidos os requisitos contratuais apropriados para promover a colaboração entre as equipas de conceção e construção.

Os gestores de projeto podem assumir uma posição líder na gestão da mudança requerida para a implementação desta abordagem inovadora, alinhando a sua estratégia em 3 níveis chave: organização-ativo-projeto. A mudança organizacional deverá iniciar com o apoio da gestão de topo, passando por iniciativas intra- e inter-organizacionais, até atingir um estágio de melhoria contínua.

Não obstante, o BIM não é ainda a panaceia que a indústria tem vindo a procurar. A falta de normalização específica; a escassez de recursos humanos reunindo conhecimento e experiência combinada em BIM e na indústria da construção; a dificuldade em definir objetivos SMART (“specific, measurable, actionable, relevant and timely”); e a complexidade em realizar análises custo-benefício, recorrendo ao conceito de custo de oportunidade, baseadas em potenciais erros, omissões, incompatibilidades e outras ineficiências, são alguns dos desafios mais significativos, além da natural resistência humana.

Bruno de Carvalho Matos

MRICS - Eng Civil Sénior MSc PMP e MBA pela Católica | Nova

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico