Mercado imobiliário é hoje muito mais seguro e maduro
Nos três últimos anos assistimos a uma mudança completa no mercado imobiliário, em especial no segmento médio alto e alto. Para esta nova dinâmica contribuiu em grande medida, a procura externa. Foi sem dúvida a procura estrangeira que iniciou todo este novo ciclo de crescimento no mercado. Em 2013 o peso dos portugueses no volume de vendas da Porta da Frente Christie’s foi de apenas 10%, em 2014 foi já de 15% e em 2015 subiu para 27%. Durante este período vendemos a 25 diferentes nacionalidades. Assistimos por isso à recuperação dos preços médios das zonas nobres e históricas de Lisboa e Linha de Cascais para os valores anteriores à crise e desde então têm continuado a valorizar.
Durante os últimos três anos registou-se um desequilíbrio entre a oferta e uma procura muito elevada. Só agora a procura e oferta se estão a equilibrar, pelo que não é expectável que os preços continuem a crescer ao ritmo registado até agora. Felizmente não se perspectiva uma bolha imobiliária. Aliás, pensamos mesmo que o mercado imobiliário é hoje muito mais seguro e maduro do que no período anterior à crise. Se pensarmos que a grande maioria das aquisições são feitas com capitais próprios (no caso das transacções intermediadas pela Porta da Frente só em 5% dos casos houve recurso a crédito), então percebemos que temos um mercado assente em bases muito sólidas.
Acreditamos que a procura se vai manter e que os imóveis de habitação irão continuar a valorizar, mas moderadamente. Temos ainda um preço por m2 muito inferior à maior parte das principais cidades europeias e isso tem sido um dos principais argumentos para atrair o investimento estrangeiro.
Outro dos pontos muito positivos é verificar que os portugueses voltaram ao mercado. A grande maioria encontrou no mercado imobiliário um excelente refúgio para as suas poupanças, muito mais seguro e rentável que o mercado financeiro.
Mas é imprescindível continuarmos a promover o nosso mercado no estrangeiro. Para além dos mercados que mais nos compram hoje, Brasil, França, África do Sul, China e Suécia, é necessário crescermos para outros mercados, nomeadamente noutros países do norte da Europa e Médio Oriente. Temos que conseguir atrair estes investidores não apenas pelos programas Golden Visa e Residente Não Habitual mas por aquilo que podemos oferecer enquanto país: Estes clientes procuram uma vida tranquila no 5º país mais seguro do mundo, um país onde tudo funciona, onde são bem recebidos e tratados como um cidadão português. Temos uma grande qualidade construtiva (muito superior à dos seus países de origem), e um preço muito abaixo das principais cidades europeias e mundiais, transparência e simplicidade nos processos de aquisição e venda de imobiliário e um mercado sólido e maduro.
Contudo, temos que ter a consciência que nesta promoção do nosso país para a captação de investimento estrangeiro estamos a competir com muitos outros países. E por isso precisamos de manter as vantagens competitivas que temos. É fundamental mantermos os programas Golden Visa, Residente Não Habitual e os incentivos fiscais à reabilitação urbana. Fundamental é também não aumentar o IMI ou o IMT e manter a actual lei do imposto sucessório. Qualquer alteração nestas áreas vai enfraquecer a nossa capacidade de continuarmos a atrair investimento para o sector imobiliário. Convém também realçar que ao contrário de outros mercados, os benefícios do investimento estrangeiro no mercado imobiliário não se esgotam na aquisição. Para além dos impostos anuais, grande parte dos investidores, ou vem viver para Portugal, ou passa cá umas temporadas em que consome e dinamiza muitas outras áreas da nossa economia.
Rafael Ascenso
Director geral da Porta da Frente