Logo Diário Imobiliário
CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
JPS Group 2024Porta da Frente
Actualidade
Quarto - Freepik

Quarto - Freepik

Oferta de camas para estudantes aumentou 8,5% mas rácio mantém-se abaixo da média europeia

26 de agosto de 2025

No último ano, Lisboa e Porto registaram um aumento de 8,5% no número de camas disponíveis, cerca de 1.500 novas unidades. Apesar deste crescimento, a taxa de cobertura (rácio cama/estudante) mantém-se muito aquém da média europeia de 12%, reforçando o desequilíbrio entre oferta e procura.

De acordo com o mais recente estudo anual sobre o mercado de residências para estudantes em Portugal – Purpose Built Student Accommodation (PBSA) da Cushman & Wakefield (C&W), Para o próximo ano lectivo, estima-se que as rendas voltem a aumentar, em torno dos 9% (média ponderada para Lisboa e Porto).

“O mercado de alojamento para estudantes em Portugal está a ganhar maturidade e atratividade internacional. Apesar do aumento da oferta nos últimos anos, a procura continua a superar largamente a capacidade, pressionando as rendas e atraindo cada vez mais investidores para este sector”, destaca Ana Gomes, Partner, Head of Research na Cushman & Wakefield.

Entre os principais destaques do estudo:

- A procura internacional por alojamento estudantil continua a crescer, sustentada pelo prestígio crescente das universidades portuguesas, pelos programas de mobilidade académica e pela atratividade do país como local para viver;

- Mesmo com todos os projetos públicos e privados planeados, Lisboa e Porto continuarão abaixo dos 10% de taxa de oferta, abaixo da média europeia de 12%;

- Foram disponibilizadas cerca de 1.500 novas camas em Lisboa e no Porto no último ano letivo, representando um aumento de 8,5% no stock total. A maioria pertence a projetos privados;

- Os alojamentos públicos para estudantes tendem a estar em cidades secundárias, enquanto em Lisboa e no Porto a oferta de alojamentos privados já ultrapassa o número de camas públicas;

- Para investidores, o preço médio por cama situa-se entre 100.000 euros e 120.000 euros para projectos em Lisboa e no Porto;

- As yields prime variam entre 5,25% e 5,50%, reflectindo uma ligeira compressão no último ano.

- Foram concluídas quatro transações de investimento no último ano, incluindo operações em Lisboa, Porto e cidades secundárias como Covilhã e Braga.

O estudo sublinha ainda a diferença entre o custo das residências públicas e privadas em Lisboa. Nas públicas, os quartos individuais variam entre 253 euros e 413 euros, os quartos partilhados entre 170 euros e 354 euros por cama e os estúdios entre 588 euros e 775 euros. Já nos projectos privados PBSA, os estúdios situam-se entre 650 euros e 1.500 euros mensais, dependendo da localização e do nível de serviços.

Um grande impulsionador do crescimento das rendas no segmento PBSA é a escassez geral de habitação. “Com o dobro da população estudantil do Porto e uma população geral muito maior, o mercado imobiliário de Lisboa continua sob intensa pressão. A escassez tornou-se tão grave que o mercado limitado de apartamentos tradicionalmente alugados e partilhados por estudantes está agora a ser ocupado por famílias que não têm condições para comprar casa própria. Como resultado, os estudantes ficam cada vez mais sem alternativas viáveis, a não ser recorrer a este tipo de alojamentos”, sublinha Ana Gomes.

O crescimento do número de camas tem sido limitado por vários constrangimentos estruturais. Entre os principais entraves apontados no estudo estão os processos de licenciamento, frequentemente morosos e complexos, a escassez de terrenos adequados para desenvolvimento e a suspensão ou atraso de uma parte dos projetos públicos anunciados desde 2020, agravando o défice de camas disponíveis.

De acordo com o pipeline actual, a oferta no Porto deverá aumentar até 2026 e estabilizar posteriormente. Em Lisboa, prevê-se um crescimento contínuo até 2028, permitindo à cidade ultrapassar o Porto em número de camas privadas. No entanto, o défice de alojamento continuará a ser significativo, uma vez que Lisboa concentra o dobro da população estudantil do Porto e apresenta um mercado habitacional sob forte pressão, onde estudantes e famílias competem pelo mesmo stock de arrendamento..