Novo Barómetro de Edifícios Saudáveis BPIE/VELUX avalia edificado europeu e aponta soluções
Os resultados do Barómetro dos Edifícios Saudáveis (antigo Barómetro das Casas Saudáveis), que estuda o estado das casas europeias desde 2015, não é animador. A edição de 2024, produzida pelo BPIE (Building Performance Institute Europe) e patrocinada pela multinacional dinamarquesa de janelas, clarabóias, e produtos relacionados, estende-se agora aos principais tipos de edifícios (habitações, escolas e hospitais), fornecendo informações significativas sobre o estado dos edifícios e a saúde dos seus utilizadores.
O objectivo do estudo é alertar as autoridades e todos os intervenientes no mercado para a necessidade de se conseguir, no mais breve prazo, um parque habitacional e não habitacional constituído por edifícios “mais saudáveis, sustentáveis e resilientes”.
A saúde e o conforto interior nos edifícios europeus estão seriamente comprometidos - segundo o estudo. “Um em cada quatro europeus vive em edifícios onde a qualidade do ar interior é inferior às normas nacionais e mais de 30 milhões de cidadãos são afetados por viverem em espaços demasiado escuros, com um impacto negativo na saúde mental e física”. Edifícios escuros no seu interior, pouco arejados e húmidos continua a ser a realidade dominante do edificado no espaço europeu no seu conjunto. Os portugueses são particularmente atingidos por esta sombria realidade.
“Os edifícios saudáveis e acessíveis deviam ser o único tipo de edifícios em que as pessoas vivem, aprendem, trabalham, se divertem ou recuperam. Acreditamos que este relatório pode servir tanto de inspiração como de ferramenta concreta para os decisores políticos, apresentando recomendações e exemplos concretos,” afirma Fleming Voetmann, Vice Presidente de Relações Externas e Sustentabilidade do Grupo VELUX®.
O investimento necessário a esse objectivo não pode ser visto como um gasto, mas como uma aplicação com retorno económico e social muito significativos. Os edifícios saudáveis beneficiam a economia e o clima, e os estudos apresentados mostram um retorno do investimento de 11,5% na renovação de um edifício público, e uma redução de 30% do impacto climático.
“Além disso, os locais de trabalho mais saudáveis poderiam gerar um valor acrescentado bruto adicional de 40 mil milhões de euros por ano para a economia europeia por cada 1% de melhoria no desempenho dos trabalhadores” - alerta o estudo.
Apontar soluções
O estudo BPIE/VELUX não se limita a diagnosticar o estado do edificado, mas recomenda soluções e a aplicação de boas práticas para ultrapassar o problema que atinge uma dimensão preocupante.
O contexto é de urgência já que a União Europeia está longe de atingir os objectivos climáticos para 2050 em matéria de energia e renovação. O mesmo se passa quando se trata de melhorar a saúde do parque imobiliário, como mostra o presente relatório.
Para fazer face a esta situação, o Barómetro dos Edifícios Saudáveis introduz não só um quadro para monitorizar os edifícios saudáveis e sustentáveis na Europa, mas também um conjunto de recomendações políticas para alinhar colectivamente os esforços em matéria de edifícios saudáveis com os objectivos de descarbonização do Acordo de Paris para 2050. As políticas climáticas devem colocar as pessoas em primeiro lugar.
Estabelecer um novo quadro em que a sustentabilidade, a resiliência e a acessibilidade económica possam ser alcançadas ao mesmo tempo.
Os números revelados pelo estudo são inquietantes. Em termos de reabilitação e renovação, o atraso é enorme: “As renovações têm de ser aumentadas em 1400% para atingir os objectivos da UE” - constata o estudo.
Em 2020, apesar de vivermos ainda os efeitos da pandemia, ainda assim “as emissões de CO2 foram 18% superiores ao que deveriam ter sido para atingir os objectivos climáticos da UE”.
Mas o estudo BPIE/VELUX também revela perpectivas esperançosas se, entretanto, autoridades e protagonistas do mercado imobiliário europeu «arrepiarem caminho». “O custo da renovação de todo o parque habitacional ineficiente da UE poderia ser recuperado em apenas 2 anos e poupar 194 mil milhões de euros em benefícios sociais equivalentes (como menos dias de doença, melhor desempenho no trabalho e na escola, etc.)” - adianta a publicação. Em termos habitacionais, “O cumprimento das normas de eficiência energética da UE poderia poupar 44% da energia final utilizada para aquecimento”. E renovação dos hospitais poderia conduzir à quebra de 21% de gastos médicos, a 19% da taxa de de mortalidade e a uma baixa de 20% da taxa de rotatividade do pessoal hospitalar”.