
Lisboa - foto de Wallace Damião em Pixabay
Lisboa tem as casas mais caras, mas é em Odivelas que o esforço financeiro é maior
Comprar casa continua a ser um desafio na Área Metropolitana de Lisboa — e, embora Lisboa lidere nos preços, é em Odivelas que o esforço financeiro exigido aos trabalhadores é mais elevado. Os dados são da Pordata, o portal estatístico da Fundação Francisco Manuel dos Santos, divulgados nas vésperas das eleições autárquicas de 12 de outubro.
Lisboa: preços altos, rendimentos acima da média
Em 2024, o preço mediano das casas novas em Lisboa atingiu 5.035 euros por metro quadrado, enquanto as usadas custavam 4.207 euros/m². Assim, um apartamento novo de 100 metros quadrados rondava 503 mil euros, e um usado cerca de 420 mil euros.
Com um salário médio mensal de 1.985 euros (equivalente a 27.800 euros anuais), um trabalhador lisboeta precisaria de 18,1 anos de rendimentos para comprar uma casa nova ou 15,1 anos para adquirir uma usada.
Odivelas: preços altos, salários mais baixos
Nos concelhos vizinhos, é Odivelas que apresenta a maior diferença entre rendimentos e preços da habitação. Apesar de os valores de venda serem o terceiro mais altos da região — 3.188 euros/m² nas casas novas e 2.713 euros/m² nas usadas —, os trabalhadores do concelho recebem, em média, apenas 1.185 euros por mês, o rendimento mais baixo entre os municípios analisados.
Na prática, comprar uma casa nova de 100 metros quadrados em Odivelas, avaliada em cerca de 318.800 euros, exigiria 19,2 anos de salário, enquanto uma usada, de 271.300 euros, implicaria 16,3 anos de rendimentos — mais do que em Lisboa.
Oeiras e Amadora em posições intermédias
Depois de Lisboa, Oeiras surge como o segundo concelho mais caro da região, com 3.995 euros/m² nas habitações novas e 3.349 euros/m² nas usadas, mas é também o que apresenta os salários médios mais elevados: 2.104 euros mensais. Já a Amadora regista um caso singular — é o único município onde as casas usadas (2.493 €/m²) são mais caras que as novas (2.430 €/m²).
Em termos de rendimentos, os mais bem pagos trabalham em Oeiras, seguidos de Lisboa e da Amadora. Mais abaixo surgem Loures (1.440 €), Almada (1.354 €) e Odivelas (1.185 €).
A crise da habitação no centro do debate autárquico
Com preços muito acima da média nacional — que se fixava em 2.147 euros/m² nas casas novas e 1.689 €/m² nas usadas —, a Grande Lisboa continua no epicentro da crise da habitação.
O tema domina o debate político às portas das autárquicas, num contexto em que o acesso à casa própria se tornou um dos principais desafios sociais e económicos do país, a par da mobilidade e da qualidade de vida urbana.