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Imobiliário tornou-se o ‘porto seguro’ para a aplicação de poupanças

16 de setembro de 2020

O imobiliário tem sido poupado neste momento difícil da pandemia da Covid-19. Os preços têm-se mantido e as vendas no pós-confinamento cresceram. A mediação imobiliária está satisfeta, no entanto, vê com alguma cautela o futuro do mercado.

Na rentrée, as expectativas dos especialistas, são também de perceber como irá evoluir a pandemia da Covid-19, quais as verdadeiras consequências na economia e consequentemente no imobiliário. No entanto, as prespectivas são de confiança, sobretudo quando o confinamento trouxe um grande desenvolvimento em novas ferramentas tecnológicas e em diferentes abordagens ao negócio.

E apesar de todos os constrangimentos desta crise, “nos últimos meses temos assistido ao crescimento da procura por parte do mercado nacional. Por um lado temos verificado que o imobiliário se tornou o ‘porto seguro’ para a aplicação de poupanças que saem dos mercados financeiros e outras aplicações muito conturbadas nestes tempos”, refere Rafael Ascenso, director geral da Porta da Frente Christie’s.

Para o responsável da empresa de mediação de imobiliário de luxo,  a rentrée vai manter a tendência que têm sentido nos últimos dois meses pós-confinamento: “Considerável aumento de uma procura muito focada que se tem traduzido num crescimento gradual do número de negócios concretizados”.

Também Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, espera muita actividade na rentrée, “dado que proprietários, inquilinos, investidores e compradores têm que tomar decisões. Hoje, mais que nunca, os stakeholders do sector imobiliário têm que monitorizar, constantemente, todos os indicadores de mercado e actuar rápido”.

 Eduardo Garcia e Costa, Presidente Keller Williams Portugal, revela igualmente que, apesar da maior quebra do PIB em termos históricos no segundo trimestre do ano “estamos agradavelmente surpreendidos pela forma como o mercado imobiliário se está a comportar. A KW em Julho e Agosto teve os melhores meses de 2020 (mesmo comparando com os meses pré-covid) como resultado da excelente adaptação à realidade mais digital que o impacto do Coronavírus e do distanciamento social veio provocar”.

Preços sofrem ajustes mas sem grandes descidas

Quanto à questão dos preços, que tem sido um tema importante nesta pandemia, os especialistas referem que de facto, não têm descido como se esperava no início, o que se verificou, foi um ajustamento no mercado.  “Sobre preços, pensamos que o primeiro semestre de 2020 tenha acentuado uma tendência que já vinha de 2019, ou seja, um ajustamento dos preços que já estavam fora de mercado. Não consideramos que exista ou venha a existir uma queda de mercado, mas sim um ajustamento natural e que era necessário para o equilíbrio e maturidade de um sector cujos preços cresceram durante seis anos consecutivos. É possível que se venham a verificar algumas descidas de preços pontuais nos mercados médio e médio-baixo, mas os últimos meses têm mostrado que o mercado está sólido e que os fundamentos sobre os quais foi construído nos últimos anos se mantêm inalterados”, admite Rafael Ascenso.

Quantos aos desafios que se colocam ao sector neste momento, Ricardo Sousa assegura que as empresas têm de se adaptar rapidamente às novas dinâmicas do mercado e necessidades dos consumidores, “não confundindo percepções com alterações reais e permanentes do comportamento dos consumidores, quer empresariais, quer particulares”.

Eduardo Garcia e Costa acrescenta ainda, que o sector tem pela frente dois grandes desafios: “A tecnologia e o impacto da recessão económica no mercado imobiliário. A evolução económica durante os próximos meses irá ser determinante para entender que impacto irá ter no mercado imobiliário (algo que até à data não se fez sentir)”.

O director da Porta da Frente Christie’s avança também que os desafios assentam essencialmente na adaptação a uma nova realidade que irá exigir uma solidez e resiliência muito forte a todos os agentes imobiliários, sejam mediadores ou promotores. “É evidente que a tendência de estabilização iniciada em 2019 foi agora muito acelerada, e só os promotores com modelos de negócio que contemplem o ajustamento de preços e não o seu crescimento poderão ter sucesso nos seus empreendimentos. Cabe-nos a nós mediadores esse papel de consciencialização de promotores e vendedores individuais para esta nova realidade”, admite.

Futuro optimista mas cauteloso

Quanto ao que se espera até ao final do ano, Rafael Ascenso, é de opinião que vai depender em grande parte do levantamento ou não às restrições de viagens internacionais. “Mais de 60% das nossas vendas são para o mercado estrangeiro. Apesar de todas as restrições vigentes, no primeiro semestre de 2020, incluindo o período de confinamento, vendemos a 20 diferentes nacionalidades, o que mostra que o interesse internacional não se perdeu. Estamos confiantes que após a reabertura das fronteiras, o mercado irá recuperar o dinamismo do ano passado”.

Também o CEO da Century 21 Portugal, refere que no curto prazo a recuperação dos meses de confinamento está a ser um pouco mais rápida que o esperado e os indicadores para o mercado residencial até ao final do ano são, por enquanto, positivos.

Já o presidente daKW Portugal, adianta que a crise económica que esta pandemia provocou ainda não impactou de forma significativa o sector imobiliário. “Como o sector imobiliário não é independente do resto da economia os seus efeitos irão inevitavelmente fazer-se sentir.

Como sempre acontece nestes momentos de viragem da economia ninguém com exatidão consegue  prever quando, como e com que intensidade estes efeitos se irão fazer sentir”, conclui.