Segmento médio e médio baixo é o “maior desafio do mercado”
O segmento médio e médio baixo é o “maior desafio do mercado” imobiliário, afirmou o presidente executivo da Century21 Portugal, que perspectivou o crescimento da oferta residencial de construção nova.
Segundo os resultados de 2017 da rede de mediadores imobiliários, em Portugal o valor médio de venda dos imóveis fixou-se nos 129 mil euros, numa descida de cerca de 13% face ao valor médio de transacção de 148 mil euros registado em 2016.
Uma variação que traduziu uma maior procura por parte de compradores do segmento médio e médio baixo, que é o “maior desafio no mercado imobiliário”, considerou à agência Lusa Ricardo Sousa, defendendo um “ajuste entre a oferta e a procura”.
Quando o tema é mercado residencial, o presidente executivo considerou que se tende a limitar a duas ofertas: “Só se fala de habitação social como acessível e o luxo quando a maioria da população está no meio”.
A tendência de migração para as periferias
“Há uma oportunidade de negócio e deve-se apostar neste segmento médio e médio baixo”, resumiu o responsável, não deixando de considerar que a aposta no mercado turístico deve continuar.
Outra tendência identificada é a migração para as periferias, devido a preços mais baixos em relação ao centro das cidades, mas também dada a oferta de transportes e as “boas oportunidades” que resultam do anterior “’boom’ de construção” no país.
A “grande preocupação” é agora o “excesso de optimismo que se vive no mercado”, com Ricardo Sousa a sugerir nomeadamente prudência na decisão de compra de casa, por a economia portuguesa depender muito de factores externos e a maior atenção para oferta no segmento médio e médio baixo.
Perante o actual aumento do número de licenças de construção, o responsável perspectivou ainda “que o mercado de construção nova é o que mais vai crescer”, mas que o de usados também continue a evoluir positivamente.
Entre os compradores internacionais foi notado o peso dos brasileiros na procura e uma descida no valor médio, que “está abaixo dos 300 mil euros”, já que a procura deixou de ser exclusiva dos centros de Lisboa e do Porto.
“[Os compradores] já vão para zonas do interior, sobretudo para as zonas turísticas com valores muito mais atractivos do que o centro”, segundo Ricardo Sousa, para quem fica demonstrado que a compra de casa em Portugal não é um interesse passageiro, mas “estrutural, dada a atractividade do país em relação aos seus competidores”, face aos preços em relação à Europa e às infraestruturas que possui na comparação com África.
“A procura é muito consistente e já não está dependente dos vistos ‘gold’ [autorização temporária de residência mediante investimentos] e do programa de residentes não habituais [com vantagens fiscais]”, comentou o responsável.
Arrendamento: a necessidade de “atrair operadores de grande dimensão”
No arrendamento, Ricardo Sousa argumenta que “seria mais saudável” haver menos de 70% de proprietários no país, quando actualmente esse peso rondará os 80%, com o mercado a ser informal e dominado por “uma multiplicidade de proprietários com duas ou três casas” para arrendar o que impede de baixar preços.
A solução passa por “atrair operadores de grande dimensão”, com uma carteira de imóveis que garanta uma economia de escala e uma limitação do risco e assim “rendas mais acessíveis e rentabilidades mais interessantes”.
Por agora, a solução para arrendar casas tem passado, entre os jovens, por partilhar casa mais próximo dos centros e ficar mais perto dos empregos e da vida social, comentou Ricardo Sousa.
Lusa/DI