Oferta de casas não corresponde ao orçamento dos portugueses
Em 2018, a oferta de casas no mercado não correspondeu ao que os portugueses conseguem pagar. O preço médio que estão dispostos a pagar ronda os 138 623 euros, financiados por um crédito à habitação que não supere os 500 euros mensais.
De acordo com o relatório anual da rede de mediação imobiliária Century 21 Portugal, em Lisboa, o preço médio que as famílias estão dispostas a pagar por uma habitação é de 166 593 euros, financiado por um crédito à habitação de cerca de 506 euros mensais. O preço médio que os portuenses estão dispostos a pagar é 137 587 euros, financiado por um crédito à habitação até 491 euros mensais. No Algarve, o preço médio pretendido fixa-se nos 130 708 euros, financiado por um crédito à habitação de 475 euros mensais, enquanto no resto do País este valor cai para os 126 101 euros, com um financiamento de crédito à habitação de 489 euros mensais.
A Century 21 indica que quando se analisa o mercado de oferta de habitação, o preço médio para venda, a nível nacional, é de 173 252,84 euros, um valor que supera em 24,9% o que os consumidores pretendem pagar por um imóvel.
Em termos de arrendamento, o mercado regista uma escassez significativa de habitações no segmento de preço mais baixo. A rede de mediação refere que nos imóveis até 500 euros mensais, a oferta é de 61,4%, o que revela um défice de 12,7 pp face aos 74,1% da procura. Superior à procura em 6,7 pp é a oferta de imóveis entre os 601 e os 700 euros. Existe ainda um excesso de casas com valores de arrendamento entre os 801 e os 900 euros, cuja oferta atinge os 11% e a procura não ultrapassa os 3%.
Segundo Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, "regista-se um desajuste muito evidente entre a actual oferta e a procura, um facto para o qual a Century 21 Portugal tem vindo a alertar há vários trimestres. O estudo realizado pela empresa indica que mais de 20% dos que procuram casa estão a desistir de comprar, ou arrendar, por não encontrarem uma habitação ajustada às suas expectativas e ao seu rendimento disponível. Os principais actores do sector imobiliário necessitam de constatar o que pretendem os consumidores nacionais, o que procuram, o que desejam e o que podem efectivamente adquirir, para se criarem soluções de habitação em linha com as expectativas e a capacidade financeira das famílias portuguesas".
Quanto ao modelo de financiamento para aquisição de casa, cerca de 38,6% dos compradores planeia pagar uma parte em dinheiro e pedir um empréstimo bancário para o restante, enquanto 35,3% admite recorrer integralmente ao crédito à habitação. Apenas 11% admite usar as suas poupanças ou vender a antiga habitação para a aquisição de casa nova.
O relatório mostra ainda que para quem opta por recorrer ao crédito à habitação, a hipoteca representa entre 10% e 20% do rendimento familiar para 33,6% dos consumidores. A taxa de esforço é maior para outro terço das famílias, para quem a prestação representa 20 a 30% dos vencimentos. Para 11% da população inquirida, a taxa de esforço excede os 30%.
2019 com oportunidades
Para 2019, a Century 21 Portugal acredita que traz diversas oportunidades, quer para o mercado residencial, quer para o de escritórios. Há segmentos de mercado com forte potencial de desenvolvimento, sobretudo pela criação de soluções que deem resposta a novas tendências habitacionais- como residências para estudantes e habitações que acompanhem as necessidades da população sénior- e para a construção de obra nova.
Estima-se que a entrada em vigor do regime dos REITS venha a influenciar positivamente a oferta de imóveis para o mercado de arrendamento residencial, com preços mais ajustados à procura. Porém, este veículo de investimento imobiliário terá sempre um impacto a médio prazo, e não é expectável que se registem alterações significativas no primeiro semestre do ano.
A Century 21 considera ainda que no segmento internacional, o sector imobiliário português deve enfrentar o desafio de promover as diferentes regiões do turismo nacional, para diminuir a pressão dos preços dos imóveis nas cidades de Lisboa e Porto, e no Algarve. Este aspecto é também fundamental para impulsionar o desenvolvimento económico e social de outras regiões do país.
2018: Um ano que superou os 41 milhões de euros de facturação
Quanto a resultados do ano transacto, a facturação da rede imobiliária superou os 41 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 17% face aos 35 milhões de euros registados no mesmo período, do ano anterior. Nos doze meses de 2018 foram realizadas 12 539 transacções de venda de imóveis na rede nacional Century 21, o que traduz um aumento de 14%, em relação às 10 988 efectuadas em 2017.
O volume de negócios mediado, exclusivamente, na Century 21 Portugal aumentou cerca de 26 % para os 896,6 milhões de euros, face aos 712 milhões de euros registados em 2017. Já o indicador correspondente ao volume de negócios total em que a rede esteve envolvida- considerando a partilha de transacções com outros operadores- atingiu os 1 701 526 166 €, nos 12 meses do ano, um dado que reflecte a tendência crescente de cooperação e profissionalização do sector, onde um agente imobiliário representa o proprietário e outro, de outra empresa, representa o comprador.
O valor médio de venda dos imóveis, a nível nacional, superou os 140,5 mil euros, o que revela um acréscimo de cerca de 9% face ao valor médio de 129 mil euros registado em 2017. Esta subida do valor médio das transacções reflecte, por um lado, o aumento dos preços dos imóveis e, por outro lado, o tipo de habitações em oferta, no mercado. Na rede Century 21 Portugal, o segmento nacional registou um peso de 82% no número de transações e as zonas com maior dinâmica transacional, em 2018, foram os mercados periféricos das principais cidades do País.
Em 2018, foram realizadas 2218 transacções internacionais de venda, numa subida de 6% face às 2087 registadas no ano anterior. O segmento internacional representou cerca de 18% do total das transacções da rede Century 21 Portugal, assinalando uma quebra residual face aos 19% verificados em 2017. O mercado internacional apresenta uma procura estável, contudo, a perder peso face ao crescimento da procura doméstica. Com o expectável agravamento do declínio do poder de compra dos portugueses, é possível que se verifique uma alteração desta tendência, em 2019.
O segmento internacional - dominado pela França, Brasil, Reino Unido e Bélgica - caracterizou-se pela procura por imóveis, maioritariamente de tipologias T2, nas regiões de praia e centros históricos de Lisboa, Porto e diversas cidades do país, com preços até os 300 mil euros. Nos centros de Lisboa, Porto e na Linha de Cascais, este valor sobe até aos 500 mil euros. Em consequência do aumento de preços nestas zonas, verificou-se uma procura crescente e um maior número de transacções de imóveis noutros mercados, num raio de 150 a 200 km dos aeroportos nacionais.
Arrendamento em queda
O relatório da rede revela também que o número de operações de arrendamento registou uma forte quebra de 62%, fixando-se nas 1079 transacções, em comparação com as 2870 realizadas em 2017, acentuando a tendência decrescente do arrendamento que se tem vindo a verificar nos anos anteriores. Estes indicadores traduzem a evidente falta de oferta de imóveis, para arrendamento, ajustada ao poder de compra dos portugueses.
Na Century 21 Portugal, o valor médio de arrendamento, a nível nacional, fixou-se nos 812 euros, o que traduz uma forte subida de 35,7 % face à média nacional de 598 euros verificada em 2017. Este indicador revela que foram os consumidores do segmento médio, e médio alto, que conseguiram aceder às soluções de arrendamento que estão em oferta, no mercado.
O ano de 2018 também foi marcado por uma significativa evolução, da ordem dos 18%, na expansão da rede Century 21 Portugal. Iniciaram actividade 18 novas lojas, foram integrados 373 novos elementos, e a marca conta agora com 120 unidades em operação, a nível nacional, suportadas por uma equipa de mais de 2480 colaboradores.