Tivemos coragem quando todos tinham medo de investir
José Luís Pinto Basto, CEO do The Edge Group admite que se consideram investidores de contra-ciclo. "Chegámos à crise com alguma liquidez e tivemos coragem quando todos tinham medo de investir".
Nem os tempos mais difíceis demoveram o The Edge Group de avançar com projetos, mesmo que os tenha prolongado no tempo. É um dos promotores portugueses com capitais próprios e que se orgulha de dar passos seguros. A possibilidade de esperar pela hora certa leva muitas vezes a alterar os projetos, de acordo com as necessidades atuais do mercado e foi por isso, que depois de adquirir as galerias das Twin Towers em Sete Rios, em 2015, e divulgar um novo conceito imobiliário na altura ligado ao retalho, José Luís Pinto Basto, CEO do The Edge Group anuncia que o projeto só agora vai avançar, designado como Espaço Sete Rios e será composto por um centro empresarial com um pequeno espaço comercial.
“Neste momento, o mercado exige outro tipo de espaços e levar para Sete Rios o conceito que já temos com o Espaço Amoreiras, é o mais adequado. Já se encontra em remodelação e estará concluído em finais de setembro ou princípios de outubro. Além dos escritórios, terá um Leap Center, um restaurante Origem, que será o oitavo e ainda uma clínica e um ginásio que já se encontravam em funcionamento no espaço”, revela o responsável.
Num investimento de 20 milhões de euros que contempla a compra do ativo, o Espaço Sete Rios tem ainda um parque de estacionamento para 370 lugares. Pinto Basto refere que o centro empresarial já tem 70 a 80% de área ocupada e espera fechar o ano com ocupação total. O CEO do grupo assegura, que devido à escassez no mercado de Lisboa por espaços de escritórios, esta é uma oportunidade de oferecer mais produto neste segmento, com a mais-valia da centralidade e acessibilidades.
O The Edge Group é um dos raros promotores de escritórios que adquirem os imóveis, transformam-nos, fazem a gestão e rentabilizam-nos. Apesar do foco do grupo no segmento de escritórios com vários projetos já finalizados, tais como o Edifício D. Luís no Cais do Sodré, que foi um dos que vendeu na totalidade, ainda têm por exemplo o emblemático Edifício 24 de Julho, em Santos, que marca já a paisagem da frente ribeirinha de Lisboa. Ou ainda em projeto mas com previsão de avançarem brevemente o Forte Center, em Carnaxide e o Norte Center, em Matosinhos. O CEO revela que com a entrada da Immochan, agora Ceetrus, parceiros em 50% do Forte Center, o projeto está a ser redesenhado, no entanto, assegura que irá para o mercado ainda este ano. São 42 mil m2 de construção que inclui escritórios, hotel e algum comércio.
Com 16 anos a operar no mercado imobiliário, José Luís Pinto Bastos, anuncia ainda que o grupo vai entrar no segmento residencial. A dar os primeiros passos, avança com três projetos e um de turismo residencial. Os residenciais, localizados no Restelo (cinco milhões de euros), Alvalade (15 milhões de euros) e Areeiro (45 milhões de euros) estão previstos para arrendamento de longa duração e estão em processo de licenciamento. O de turismo residencial localiza-se na Comporta, estende-se por 51 hectares e terá um investimento de 30 milhões de euros.
“A aposta no residencial pareceu-nos oportuna neste momento, porque se verifica um enorme potencial e uma grande necessidade do mercado de arrendamento de longa duração. Tentamos antecipar as tendências. Enquanto olham para a esquerda, nós olhamos para a direita e vice-versa”, explica Pinto Basto.
O responsável admite mesmo que se consideram investidores de contra-ciclo. Conseguiram chegar à crise com alguma liquidez e "tivemos coragem quando todos tinham medo de investir". Nesse período conseguiram ter ativos que geravam rendas, o que lhes permitiu crescer e fazer investimentos quando o mercado se tornou dinâmico. “Temos parceiros diversificados e sólidos mesmo durante a crise. Consideramo-nos investidores conservadores apesar de nos apelidarem de agressivos. Contudo, este conservadorismo permite-nos esperar para desenvolver no momento certo”.
José Luís Pinto Basto admite que Portugal está a passar por um período muito dinâmico e isso é em parte devido ao programa dos Vistos Gold e do ARI - Autorização de residência para atividade de investimento. Considera mesmo que Lisboa ganhou massa crítica, teve necessidade de se reinventar e a reabilitação ajudou a oferecer produtos de qualidade. Reconhece que os preços subiram demasiado mas porque a procura assim o exigia. No entanto, é de opinião que o mercado vai se equilibrar e está otimista com o futuro, porque será sustentável.
*Artigo publicado no Jornal Económico no caderno do Diário Imobiliário - Texto escrito com novo acordo ortográfico