Se gerirmos a crise, melhor que os nossos congéneres europeus, teremos um influxo acrescido
A Vanguard Properties, dos empresários Claude Berda e José Cardoso Botelho, é neste momento a maior promotora imobiliária em Portugal, com alguns dos maiores projectos em construção. Comprou a Herdade da Comporta e tem em construção um dos edifícios mais altos em Lisboa, além de muitos outros empreendimentos na capital, no Alentejo e no Algarve.
Em entrevista ao Diário Imobiliário, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, alerta que é importantíssimo para o mercado imobiliário e economia nacional o investimento estrangeiro.
O que vai acontecer ao mercado imobiliário depois desta pandemia?
Ainda é cedo para avaliar o impacto no sector pois dependerá bastante do tempo que demorar a controlar esta pandemia e da existência de antivirais e vacina. Paralelamente, a resposta, diverge, em função da classe (residencial, serviços, logística, turismo, etc) e segmento de mercado. A Vanguard Properties está essencialmente focada, por ora, no residencial alto e premium, com projectos muito bem posicionados (localização, vistas, etc.) e daí que a nossa resposta incidirá sobre esta classe e segmento. A curto-prazo, haverão cancelamentos de reservas e adiamentos na decisão de investir ou na assinatura de contratos de promessa. No entanto, acreditamos que, no prazo de três a seis meses, quem pretendia investir e já dispunha dos meios necessários, a maioria irão confirmar a sua intenção de investimento. Por outro lado, Portugal, está cada vez mais no radar de investidores e cidadãos que procuram alternativas para residir e, se soubermos e conseguirmos gerir esta crise, melhor que os nossos congéneres europeus, iremos ter um influxo acrescido. É importantíssimo para o mercado imobiliário e economia nacional o investimento estrangeiro. Alerto por isso o Governo, para a necessidade de melhorar os pacotes destinados à captação deste tipo de investidores, incluindo o Golden Visa.
Qual o impacto na sua empresa?
Por ora, de clientes oriundos da Ásia, assistimos ao cancelamento de algumas reservas e alguns adiantamentos de assinatura de CPCV’s, por razões óbvias de dificuldade de deslocação. Há um número significativo de clientes, nacionais e internacionais de origem europeia a adiar a assinatura dos contratos de promessa, ou seja, a “esperar para ver” o que se compreende e é normal. Em termos financeiros o impacto é nulo, visto que, não financiamos nenhuma das obras com os sinais e reforços de sinais dos clientes. Esses fundos são colocados numa conta margem, não colaterizada – o que, confere uma enorme segurança a quem nos compra activos. Em termos de resultados, tão pouco, visto que o lucro apenas é apurado aquando a assinatura das escrituras de compra e venda. Felizmente o grupo está extremamente capitalizado, gerando mensalmente elevadíssimo montante de rendas, permitindo durante muitos anos, continuar a sua actividade, mesmo com vendas reduzidas. Neste momento, em termos patrimoniais, temos mais de 60% do capital alocado ao segmento residencial em arrendamento de longo-prazo e daí esta posição confortável.
Acreditamos que os produtos ímpares em termos de localização, vistas, arquitectura e acabamentos de elevada qualidade irão em primeiro lugar captar a atenção e serão a primeira opção de investimento. Estamos por isso, bastante tranquilos e tal como mencionámos ao mercado, todas as nossas obras continuam o seu curso e no caso do Bayline foi reforçada a equipa visando acelerar a construção, tendo o construtor assegurado os meios de protecção necessários.
Que medidas são necessárias tomar para minimizar o impacto?
Ao nível dos recursos humanos, foi activado o plano de contingência, tendo toda a equipa a operar em regime de teletrabalho. A equipa comercial, com base na nossa nova plataforma de CRM, tem vindo a intensificar os contactos com os clientes nacionais e internacionais e tem sido possível concluir, todos os dias, várias transacções. Por sua vez, multiplicámos por três o investimento nas redes sociais, dado que, acreditamos que na Ásia há neste momento cada vez mais clientes interessados em Portugal.
Falando em impacto, fora do nosso âmbito de actividade, a Vanguard Properties tem activamente contribuído para suportar o SNS, tendo oferecido um equipamento digital de Raios-X ao Hospital do Litoral Alentejano, estando a tentar, encontrar uma unidade para doar ao Cento de Saúde de Alcácer do Sal. Suportámos ainda, algumas iniciativas, visando a entrega de equipamentos de protecção para os prestadores de cuidados médicos do SNS. É muito importante, por todos os motivos, que Portugal consiga superar esta fase melhor que os demais e para isso é preciso a ajuda de todos. É um apelo que fazemos aos nossos colegas