Logo Diário Imobiliário
CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
JPS Group 2024Porta da Frente
Actualidade
casa modular - Freepik

casa modular - Freepik

É preciso mudar o paradigma da construção modular e da pré-fabricação para resolver o problema da habitação

25 de novembro de 2025

A construção modular ou pré-fabricação é apontada como uma das formas de acelerar a resolução do problema da escassez de habitação em Portugal. Embora esteja comprovado que a industrialização da construção reduz o prazo de execução dos edifícios, há vários factores que limitam a sua aplicação no país.

Estas são algumas das conclusões que saíram do workshop “As ameaças e oportunidades para o setor que advêm da industrialização da construção”, realizado no âmbito da elaboração do Plano Estratégico “Fileira Materiais de Construção: Beyond 2030”, integrado no projeto NextGeneration MC - Construir um Futuro Sustentável nos Materiais de Construção, promovido pela Associação de Materiais de Construção (APCMC), que decorreu no Porto. A mensagem deixada pelos profissionais presentes foi clara: para que esta abordagem seja uma realidade em Portugal, é necessário mudar o paradigma, alterando conceitos e teorias que moldam a visão e deturpam a percepção sobre a construção industrializada.

Orador no evento, Hipólito Sousa, engenheiro civil e professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), destacou que, atualmente em Portugal, com a utilização de soluções pré-fabricadas, apesar de ser garantida uma redução de 20% a 30% no prazo de construção dos edifícios, o preço final continua a ser “igual ou mesmo superior ao da construção tradicional”.

Isto acontece porque “os preços na construção industrializada só poderão descer quando houver escala e as fábricas produzirem em maiores quantidades”, adverte o professor da FEUP.

Assim, para que a construção industrializada possa afirmar-se como uma realidade, é necessário que muita coisa mude no paradigma da construção em Portugal, atualmente penalizado pela falta de uma estratégia clara que permita ao setor investir em pré-fabricação, atendendo à localização periférica e à dimensão reduzida do país.

Hipólito Sousa reforça a necessidade de que a administração central defina políticas e estratégias para “pelo menos durante uma década”, de forma a perspetivar e capacitar a procura pública e privada.

Em simultâneo, é preciso alterar a rigidez dos modelos de contratação pública e de controlo, que estão, por exemplo, a prejudicar concursos de habitação acessível promovidos pelas autarquias.

Outros aspectos também exigem mudança, como o “estigma dos utentes relativamente às soluções pré-fabricadas e leves, consideradas de pior desempenho e durabilidade”, sendo essencial melhorar a imagem do setor através de campanhas eficazes. Além disso, é necessário “tornar claro e estável o regime de IVA”, destacou Hipólito Sousa.

As vantagens da construção em aço leve

São várias as vantagens da construção utilizando aço leve, cuja maior utilização pode contribuir para ajudar a resolver o problema da habitação em Portugal, destaca Gonçalo Martins, administrador da Perfisa - Fábrica de Perfis Metálicos S.A -, sediada em S. Pedro do Sul, na sua intervenção sobre os “Desafios e Oportunidades da Construção em Aço Leve”. Entre eles estão a “maior rapidez de construção (redução até 50% no tempo de obra e desperdício mínimo), menores custos de mão de obra e menor necessidade de espaço para armazenamento dos materiais”.

Há também vantagens significativas em termos de segurança, conforto e sustentabilidade quando é utilizado aço leve na construção.

A utilização de materiais apresenta também melhores propriedades térmicas - garante habitações com menores amplitudes térmicas -, melhor desempenho acústico e maior conforto.

Destaca ainda que “a alta relação resistência/peso do aço confere ao edifício mais-valias ao nível da segurança, devido ao elevado desempenho sísmico e à resistência a danos estruturais, bem como uma superior resistência ao fogo, graças à aplicação de materiais de última geração”.

O responsável pela primeira empresa a produzir perfis em aço galvanizado, conhecidos pela sigla LSF (Light Steel Framing), salienta, contudo, a necessidade de divulgar junto dos consumidores as vantagens e mais-valias deste sistema, de forma a alterar a visão que existe sobre a qualidade e durabilidades destes materiais.

Na sua opinião, o desempenho dos LSF é ainda superior quando as paredes são revestidas com placas Isolpro — um painel feito de cimento leve e materiais de origem natural, que se apresenta como alternativa à construção tradicional. Este método, muito eficaz em termos de isolamento térmico-acústico, apresenta também elevada resistência ao fogo (mais de 2h30 a temperaturas de 1000ºC no sistema LSF Perfisa).

A construção de moradias e de equipamentos com outros fins utilizando LSF da Perfisa já é uma realidade em todo o país, bem como na reabilitação de edifícios e palácios. São os casos recentes da utilização destes materiais na obra de recuperação do Palácio da Valada e Azambuja (Lisboa); da reabilitação do Chalet Ficalho (Cascais); da reabilitação e ampliação na Rua da Padaria (Lisboa); da ampliação de um hotel de 5*, com cinco pisos (Maputo, Moçambique); e da construção da Maternidade Luís Mendes da Graça - Hospital Santa Maria (Lisboa).

A apresentação do Plano Estratégico do projeto NextGeneration MC foi conduzida por Júlia Brito, da Inova+, e visa alavancar a capacidade de resposta coletiva do comércio de materiais de construção, ajudando as empresas a encontrar soluções adequadas ao atual contexto de rápida evolução rumo à construção sustentável, tornando-as mais produtivas e competitivas à escala global.

O projecto está estruturado em três dimensões complementares e prevê um conjunto alargado de atividades em desenvolvimento ao longo de 24 meses, incluindo seis workshops de capacitação (a realizar no Norte e Centro do país), quatro webinares temáticos, quatro lives interativas e um seminário final, assegurando a participação ativa das empresas na definição de estratégias, identificação de problemas e definição de prioridades.