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Museu Tate Modern em Londres usa cortiça portuguesa

3 de outubro de 2017

A nova instalação artística no museu de arte contemporânea Tate Modern, em Londres, criada pelo colectivo dinamarquês SUPERFLEX, usa cortiça portuguesa, para a construção dos baloiços e pavimento do espaço Turbine Hall.

Intitulada "One Two Three Swing!", a instalação abriu oficialmente hoje e permanece exposta até 2 de Abril, seis meses durante os quais o público é convidado a "combater a apatia social através da acção colaborativa".

Presa ao tecto entrada do edifício, uma antiga central de energia, está uma enorme bola que balança por cima de um tapete de 770 metros quadrados que tem um esquema cromático inspirado no dinheiro britânico, que pretende simbolizar o estado de "apatia".

No fundo da sala, os visitantes poderão passar ao estado de "produção", interagindo com uma espécie de linha de fábrica onde os baloiços são montados, estampados e armazenados antes da distribuição e uso.

Os baloiços de três lugares serão depois colocados ao longo de uma linha laranja, onde os visitantes os poderão usar livremente.

"O ato de descansar contemplando o pêndulo hipnótico que balança no teto contrasta com a experiência libertadora e colaborativa de baloiçar em conjunto", descreve a apresentação da obra, patrocinada pela construtora automóvel Hyundai.

O objetivo é que o trabalho evolua à medida que novos baloiços são adicionados, espalhando-se para o espaço exterior da Tate Modern, que é uma das principais atrações turísticas de Londres, tendo recebido mais de 5,8 milhões de visitantes em 2016.

Bjørnstjerne Christiansen, um dos três elementos do coletivo formado em 1993, disse à agência Lusa que a escolha da cortiça teve a ver com a sua origem natural, mas também por causa das suas características.

"Primeiro, porque é um material orgânico e não artificial, como o plástico. Segundo, porque funciona como uma superfície elástica para cobrir o chão e proteger das quedas. Terceiro, porque cria uma superfície unificada, como uma floresta, até pelo cheiro que produz", resumiu.

Além do chão, também os assentos dos baloiços são feitos da cortiça, que o artista entende ser adequada porque ser leve e pouco agressiva no contacto.

"Preferimos a que outro material que fosse artificial, como o plástico. É um material orgânico, mas com uma função", vincou.

Admitindo que a instalação funcione como um "parque infantil", Rasmus Nielsen, outro dos três elementos do coletivo (completado por Jakob Fenger), salientou que a instalação é "uma brincadeira, mas com uma abordagem séria".

O trabalho explora o potencial da energia gerada pelos movimentos sociais e pretende desafiar a apatia da sociedade em relação às crises políticas, ambientais e económicas, colocando as pessoas a trabalhar e a baloiçar juntas.

Segundo a Corticeira Amorim, foram fornecidos para esta instalação cerca de 5.000 metros quadrados de um compósito de cortiça que foi desenvolvido para resistir ao desgaste e também à água e sol quando for usado no exterior.

Situado numa das entradas da Tate Modern, o Turbine Hall tem uma altura de 26 metros e 3.300 metros quadrados de área total que recebe regularmente instalações artísticas de acesso gratuito.

Desde a abertura, no ano 2000, mais de 60 milhões de pessoas já visitaram as instalações artísticas naquele espaço.

LUSA/DI