
6.ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa este ano intitulada Terra
A edição deste ano da Trienal de Arquitectura de Lisboa é dedicada à Terra. O programa, composto por quatro exposições, três prémios, quatro livros, três dias de conferências e uma selecção de Projectos Independentes, tem a curadoria geral de Cristina Veríssimo e Diogo Burnay, dupla portuguesa fundadora do atelier de arquitectura CVDB.
Terra incorpora uma declaração de intenção e um apelo à acção, propondo a evolução do actual modelo de sistema fragmentado e linear, caracterizado pelo uso excessivo de recursos, para um modelo de sistema circular e holístico, motivado por um maior equilíbrio entre comunidades, recursos e processos. Terra sugere que, após um contexto de fechamento em resultado da pandemia, se reequacione o futuro a partir do cruzamento e intercâmbio de saberes e fazeres que possam coexistir, contribuindo para um futuro mais sustentável do planeta e de quem o habita.
As quatro exposições centrais de Terra são o espelho das reflexões e das práticas que nos chegam de outros continentes sobre a arquitectura contemporânea, hoje confrontada com vários desafios, com impactos ao nível social, político e climático.
Multiplicidade, com curadoria de Tau Tavengwa (Zimbabué) e Vyjayanthi Rao (Índia), estará patente no MNAC - Museu Nacional de Arte Contemporânea. Multiplicidade explora a forma como a arquitectura e a prática projectual se estão a adaptar a um período marcado por desigualdades sem precedentes, mudanças climáticas ou as pandemias.
Ao MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, chega a Reatroactivar, com curadoria dos mexicanos Loreta Castro Reguera e Jose Pablo Ambrosi, uma exposição que se debruça sobre a cidade desfeita onde vive um terço da humanidade, mostrando as possibilidades de nela intervir com soluções que resgatem a dignidade espacial e o sentido de pertença, estruturando necessidades e serviços básicos através da criação de equipamentos públicos.
Ciclos é a exposição que ocupa a Garagem Sul do CCB, com curadoria dos chilenos Pamela Prado e Pedro Ignacio Alonso, apresentando várias estratégias nas práticas arquitectónicas que migram do modelo linear para o circular, no caminho da sustentabilidade, economia e memória.
Na Culturgest, a curadora russa Anastassia Smirnova (Rússia) com SVESMI apresenta Visionárias, espelho das visões realizadas e realizáveis por pessoas da arquitectura, das artes, do design e da ciência, que aspiram a mudar o mundo sistematicamente, questionando como podem as visões radicais transformar-se na nova norma.
Para além das quatro exposições principais, os Projectos Independentes são representados por um total de 16 projectos seleccionados entre as 67 candidaturas recebidas na call. Estes projectos serão expostos no Palácio Sinel de Cordes e noutros espaços da Área Metropolitana de Lisboa.
Em 2022, os Prémios Trienal de Lisboa Millennium bcp ganham uma nova dimensão: para além do Prémio Début, destinado a galardoar um atelier de arquitectura ou jovem profissional para celebrar as suas conquistas, e o Prémio Carreira, que reconhece a relevância do trabalho de figuras da arquitectura no activo para o panorama global, a Trienal alarga o Concurso Prémio Universidades com participações de estudantes de mestrado como também a pessoas da área da investigação (individuais ou colectivas) para a produção de conhecimento em, para e sobre arquitectura. O concurso conta com a participação de 46 instituições académicas de 22 países.
A 6.ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa inclui ainda o lançamento de uma colecção de livros, dedicada aos temas das exposições numa compilação acessível editada pela equipa curatorial, uma série de conferências Talk, Talk, Talk, que junta vozes nas áreas do pensamento, crítica, investigação e prática, ao longo de três dias na Fundação Calouste Gulbenkian e actividades educativas para todas as idades, com workshops, oficinas para crianças, visitas guiadas com desafios para adolescentes e tertúlias para adultos“.
O presente e o futuro da humanidade são essencialmente urbanos. E, para isso, é fundamental conseguir aplicar as várias inovações técnicas, que estão a ser desenvolvidas, para tornarmos a construção menos poluente e para desenvolver as cidades de forma verde e sustentável. Mas não é suficiente, é preciso reinventar o que existe. Transformar espaços desaproveitados em espaços úteis.” refere o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
José Mateus, Presidente da Trienal acrescenta que “Terra pretende investigar e divulgar o modo como podemos pensar, desenhar, organizar ou construir, contribuindo de forma decisiva para a recuperação da sustentabilidade ambiental e através disso, para a sobrevivência da humanidade. É urgente encarar novos paradigmas.”