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Sustentabilidade

 

Bruxelas apresenta plano para uma mobilidade ecológica, inteligente e a preços comportáveis

9 de dezembro de 2020

A Comissão Europeia apresentou hoje a sua 'Estratégia de Mobilidade Sustentável e Inteligente', juntamente com um Plano de Acção com 82 iniciativas, que irão orientar o nosso trabalho nos próximos quatro anos.

Esta estratégia estabelece as bases para permitir ao sistema de transportes da UE concretizar a sua transformação ecológica e digital e tornar-se mais resiliente a futuras crises. Como se indica no Pacto Ecológico Europeu, o resultado será uma redução de 90 % das emissões até 2050, alcançada por um sistema de transportes inteligente, competitivo, seguro, acessível e a preços comportáveis.

De referir que os transportes contribuem com cerca de 5 % para o PIB da UE e empregam mais de dez milhões de pessoas na Europa, o que significa que o sistema de transportes é fundamental para as empresas europeias e para as cadeias de abastecimento mundiais. Mas, ao mesmo tempo, o transporte tem custos para a nossa sociedade: emissões de gases com efeito de estufa e de poluentes atmosféricos, ruído, acidentes rodoviários e congestionamento. Atualmente, as emissões dos transportes representam cerca de um quarto do total das emissões de gases com efeito de estufa da UE.

Segundo avançou Frans Timmermans, vice-presidente executivo do Pacto Ecológico Europeu, "para atingirmos os nossos objectivos climáticos, as emissões do sector dos transportes devem seguir uma clara tendência decrescente. A estratégia de hoje irá alterar a forma como as pessoas e as mercadorias circulam na Europa e facilitar a combinação de diferentes modos de transporte numa única viagem. Definimos metas ambiciosas para todo o sistema de transportes, a fim de assegurar uma recuperação sustentável, inteligente e resiliente da crise da COVID-19".

Já Adina Vălean, comissária responsável pelos Transportes, declarou: "Enquanto espinha dorsal que liga os cidadãos e as empresas da Europa, os transportes são importantes para todos nós. As tecnologias digitais têm potencial para revolucionar a forma como nos deslocamos, tornando a nossa mobilidade mais inteligente, mais eficiente e também mais ecológica. Temos de dar às empresas um enquadramento estável para os investimentos ecológicos que elas terão de realizar nas próximas décadas. Através da execução desta estratégia, criaremos um sistema de transportes mais eficiente e resiliente, numa trajetória firme para reduzir as emissões, em consonância com os objetivos do Pacto Ecológico Europeu".

Marcos para um futuro inteligente e sustentável

Todos os modos de transporte têm de se tornar mais sustentáveis e tem de haver alternativas ecológicas amplamente disponíveis e incentivos adequados para impulsionar a transição. O caminho do sistema europeu de transportes rumo a um futuro inteligente e sustentável será orientado por marcos concretos:

Até 2030:

- pelo menos 30 milhões de automóveis de emissões nulas circularão nas estradas europeias,

-100 cidades europeias serão neutras em termos climáticos,

- o tráfego de comboios de alta velocidade duplicará em toda a Europa,

- as viagens colectivas regulares para trajectos inferiores a 500 km devem ter impacto neutro em termos carbónicos,

- a mobilidade automatizada será implementada em grande escala,

- as embarcações marítimas de emissões nulas estarão prontas para serem comercializadas.

Até 2035:

- as aeronaves de grandes dimensões de emissões nulas estarão prontas para serem comercializadas

Até 2050:

- quase todos os automóveis, carrinhas e autocarros, bem como os veículos pesados novos, serão de emissões nulas,

- o tráfego ferroviário de mercadorias irá duplicar,

- haverá uma Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) multimodal plenamente operacional para transportes sustentáveis e inteligentes, com conectividade de alta velocidade.

Dez áreas fundamentais de acção para tornar a visão em realidade

Para concretizar estes objetivos, a estratégia identifica um total de 82 iniciativas «emblemáticas» em dez áreas de acção fundamentais, cada uma com medidas concretas.

Sustentável

Para que os transportes se tornem sustentáveis, isto significa na prática:

- promover a adopção de veículos, navios e aviões de emissões nulas, de combustíveis hipocarbónicos e renováveis e infraestruturas conexas — por exemplo, através da instalação de três milhões de postos de carregamento públicos até 2030,

- criar aeroportos e portos de emissões nulas — por exemplo, através de novas iniciativas para promover combustíveis sustentáveis nos setores da aviação e marítimo,

-tornar a mobilidade interurbana e urbana saudável e sustentável — por exemplo, duplicando o tráfego de comboios de alta velocidade e desenvolvendo infraestruturas adicionais para ciclistas nos próximos dez anos,

- alcançar um transporte de mercadorias mais ecológico — por exemplo, duplicando o tráfego ferroviário de mercadorias até 2050,

fixar os preços do carbono e dar melhores incentivos aos utilizadores — por exemplo, através da adopção de um conjunto abrangente de medidas para garantir uma tarifação justa e eficiente em todos os transportes.

Inteligente

A inovação e a digitalização vão moldar o futuro da circulação de passageiros e mercadorias, se forem criadas as condições adequadas. A estratégia contempla:

- concretizar a mobilidade multimodal conectada e automatizada — por exemplo, possibilitando que passageiros comprem bilhetes para viagens multimodais, e que mercadorias alternem sem descontinuidades entre modos de transporte,

- promover a inovação e a utilização de dados e inteligência artificial (IA) para uma mobilidade mais inteligente — por exemplo, apoiando plenamente a utilização de drones e aeronaves não tripuladas e outras ações para criar um Espaço Comum Europeu dos Dados sobre a Mobilidade.

Resiliente

Os transportes têm sido um dos sectores mais afetados pela pandemia de COVID-19 e muitas empresas do sector enfrentam enormes dificuldades operacionais e financeiras. A Comissão compromete-se a:

reforçar o mercado único — por exemplo, intensificando os esforços e os investimentos para completar a Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) até 2030 e apoiar o sector a recuperar melhor através de maiores investimentos, tanto públicos como privados, na modernização das frotas em todos os modos de transporte,

- tornar a mobilidade justa e equitativa para todos — por exemplo, fazendo com que a nova mobilidade seja acessível e a preços comportáveis em todas as regiões e para todos os passageiros, incluindo os passageiros com mobilidade reduzida, e tornando o sector mais atractivo para os trabalhadores,

- reforçar a segurança e a protecção dos transportes em todos os modos de transporte, nomeadamente reduzindo o número de mortes para quase zero até 2050.