As bicicletas vão mudar a vidas nas cidades europeias?
Na Europa e nos países mais desenvolvidos, poder-se-ia pensar que a bicicleta estava condenada a ser um «simpático» instrumento de lazer ou de competição desportiva. Mas os últimos anos vêm provar que esse instrumento, que terá sido inventado em 1817 pelo Barão alemão Karl von Drais (facto que os chineses contestam, atribuindo a invenção a Lu Ban, que nasceu há mais de 2.500 anos atrás), tem vindo a ganhar cada vez maior protagonismo e está para ficar.
A melhor compreensão dos benefícios que o uso da bicicleta proporciona aos indivíduos e à sociedade em geral ajudam a argumentar em seu benefício, não obstante hoje, e apesar da invasão do automóvel, a bicicleta ser ainda, e sem margem a dúvidas, o mais utilizado veículo de transporte no mundo...
Ciente desses benefícios, em Dezembro passado, a Federação Europeia de Ciclistas (ECF) divulgou o seu estudo bianual "A Economia Ciclística da UE". Segundo ele, a bicicleta gera uma economia de 513 mil milhões de euros por ano nos 28 países que integram a União Europeia.
Abstraindo a “comodidade”, ninguém contesta que a bicicleta pode ser a resposta a muitos problemas de mobilidade urbana das grandes metrópoles e um meio eficaz de combate a níveis de poluição insustentáveis. Porém, para estimular políticas integradas na União Europeia, a Federação Europeia de Ciclistas (ECF) divulgou o seu novo relatório mostrando que o ciclismo gera 513 mil milhões de euros por ano aos 28 Estados-membros e poderá vir a gerar muito mais….
Redução da poluição, melhoria da saúde pública, menor congestionamento
Hoje, na Europa, cerca de 655 mil pessoas trabalham na indústria do ciclismo. Além disso, a ECF argumenta que, se a quota de transporte modal do ciclismo for dobrada, serão criados 400.000 postos de trabalho adicionais.
A União Ciclista Internacional (UCI) está também a apoiar campanha e está a trabalhar com a ECF para definir o documento estratégico para uma Estratégia de Ciclismo da UE.
"Cada vez mais cidadãos em todo o mundo industrializado se voltam para o ciclismo e, em outras partes do mundo; a bicicleta continua a ser uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. Na verdade, os benefícios de mais ciclismo são claros: redução da poluição, melhoria da saúde pública, menor congestionamento e muito mais", refere a UCI News.
Um bom augúrio para a indústria nacional de bicicletas
São boas notícias para a indústria nacional de fabrico e montagem de bicicletas. De resto, os números de unidades vendidas no mercado nacional e exportadas não param de crescer, um sector que neste momento já emprega 7500 pessoas. Os últimos dados que conhecemos do INE dizem-nos qu, foram vendidas em 2014 cerca de um milhão e meio de bicicletas sem motor, o que gerou uma receita de 178,3 milhões de euros, o valor mais elevado dos últimos três anos.
E ainda “de acordo com a imprensa a nível europeu, Portugal já é o terceiro exportador de bicicletas” e um produtor importante de componentes.
Lisboa é exemplo…
No próximo ano e meio a cidade de Lisboa deverá atingir os 200 quilómetros de vias cicláveis. Seis grandes eixos irão cruzar "transversalmente" a capital. O que é um passo de gigante na criação de uma "uma verdadeira rede de mobilidade", como defendeu há pouco tempo o presidente da autarquia, Fernando Medina.
Medidas potenciadoras dessa política é a criação de parques de estacionamento exclusivos para velocípedes e a inauguração futura pela Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) de uma rede de 1.200 bicicletas partilhadas. “[Trata-se de] um investimento de 1.200 bicicletas distribuídas por pouco mais de 100 postos de recolha e de colocação e que visa o fomento das mobilidades suaves, (...) que não são poluentes e que hoje em dia, por essa Europa fora, são perfeitamente habituais”.
Mas este fenómeno não se circunscreve à capital, a frente ribeirinha ajuda a ligar Lisboa a muncípios como Oeiras, Cascais, Loures e Vila Franca ao longo de ciclovias em toda a beira-rio. Um passeio de Vila Franca a Cascais a pedalar à beira Tejo, com pic-nic, pelo meio…, poderá em breve vir a ser possível. O melhor é começarmos já a treinar!