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Quando o mundo descobriu Portugal

 

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Quando o mundo descobriu Portugal

26 de dezembro de 2018

Estamos num período em que Portugal está definitivamente na ‘rota’ dos investidores estrangeiros. São muitos os fatores que contribuem para isso, os preços ainda baixos em relação aos outros países europeus, a descoberta como destino turístico, a segurança, o clima e a estabilidade económica. 2018 foi efetivamente o ano em que os ‘holofotes’ se viraram para o nosso país.

Parte desta euforia começou com o imobiliário, quando os estrangeiros viram a oportunidade de adquirirem casa em Portugal, muitos deles impulsionados pelo programa dos Vistos Gold e pelos benefícios fiscais para os residentes não habituais. Tudo isso veio dinamizar o mercado que fez disparar a reabilitação urbana e a necessidade de criar produtos residenciais para satisfazer a procura, complementada com a ‘explosão’ do Alojamento Local.

De facto, o ano vai terminar com resultados extraordinários. Hugo Santos Ferreira, vice-presidente executivo da Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários – APPII, admite mesmo que foi um ano fantástico e onde mais uma vez todos os níveis de investimento foram batidos. “Estima-se um crescimento em 2018 a rondar os 20%, tanto em matéria de investimento como de volume de transações. Mesmo com um crescimento de 20% neste ano, o setor consegue totalizar assim desde o período pós-crise um crescimento na casa dos 80%”, revela.

Também Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário - CPCI, avança que as estimativas para a produção do setor apontam para um crescimento,  de cerca de 3,5%, o que reflete um andamento positivo em todos os segmentos, designadamente ao nível dos edifícios residenciais, com uma variação de 7%, dos edifícios não residenciais, que deverão crescer 2,8% e da Engenharia Civil, com 2,0%.

Hugo Santos Ferreira, congratula-se também pela consolidação do regresso em massa dos promotores imobiliários ao mercado imobiliário nacional, tanto estrangeiros como nacionais e em todos os segmentos de mercado mas com maior incidência no segmento residencial.

Assim como pela New Generation Real Estate 4.0, “ talvez fruto dos bons momentos que o setor atravessa a verdade é que temos registado que o imobiliário finalmente se abriu à inovação. É um passo de gigante que se está a dar no sector e para quem anda no imobiliário é muito empolgante sentir, quase que na pele, não só o fulgor do mercado, mas a verdadeira mudança que se está a incutir nos novos projetos, tanto ao nível dos escritórios e do turismo, mas até no residencial, que sempre foi um setor mais avesso ao uso de novas tecnologias”.

Também Reis Campos mostra-se satisfeito com  o facto de, ao longo do ano, apesar de todos os fatores de risco e até mesmo de alguma instabilidade legislativa, “a atividade das empresas ter podido desenvolver-se de acordo com os parâmetros que eram esperados, o que significou que estas foram capazes de estabilizar a sua atividade”.

Um ano positivo também para a mediação imobiliária, que foi marcado por um forte crescimento, quer em número de mediadores, quer de consultores imobiliários. Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, revela que esta situação deve-se muito à afirmação do nosso país no contexto europeu e global, tanto como destino turístico como de investimento.” Neste momento, constata-se que mudamos, claramente, de escala”.

Investimento pode fugir

Quanto aos aspectos negativos que marcaram o setor, o responsável da APPII, admite que, com tanto intervencionismo e medidas mal tomadas, o investimento privado pode desaparecer. “O alerta que agora fazemos corresponde à transmissão das preocupações e desagrado que todos os dias nos têm chegado, vindos dos investidores imobiliários, incluindo muitos estrangeiros. Deixam o aviso que já nos foi dado por muitos investidores: o cada vez mais imprevisível sortido de leis, anúncios, pré-anúncios, impostos, taxas, contribuições e emolumentos de toda a espécie”.

Para o presidente da CPCI como ponto negativo destaca a evolução do investimento público. “De acordo com as previsões orçamentais, o investimento público em percentagem do PIB, situar-se-á, este ano, nos 2,3%, nível comparável com o longínquo ano de 1975. No que se refere às empreitadas de obras públicas, nos dez primeiros meses do ano, tanto o lançamento de concursos como a celebração de contratos, registaram valores negativos quando comparados com o ano de 2017. O papel estruturante do investimento público e o seu efeito enquanto catalisador do investimento privado, não pode continuar a ser ignorado e, sobretudo, afastado da política orçamental”, admite.

Já Ricardo Sousa, salienta como negativo a diminuição do poder de compra dos portugueses para acederem a soluções de habitação, seja através da aquisição de casa própria ou do arrendamento.

Novos investidores vão chegar em 2019

Para 2019, Hugo Santos Ferreira elege o ponto mais importante e significativo, a esperada concretização da nova vaga de investidores e promotores imobiliários de topo que estão a vir de fora, nomeadamente de Espanha e que aqui pretendem vir construir milhares de habitações. “Assim lhes demos as necessárias condições de confiança e estabilidade…”.

Reis Campos também mantém a expetativa na concretização de um ano marcado pelo reforço de uma trajetória de consolidação da economia e de crescimento da atividade das empresas. “Encaramos, por isso, o ano de 2019 com perspetivas favoráveis, o que pressupõe a manutenção de um clima favorável à retoma do investimento público e privado”.

Apesar do otimismo, Ricardo Sousa, revela que em 2019, é expectável um abrandamento do crescimento do número de transações residenciais, sobretudo em consequência das limitações do poder de compra dos portugueses, para acederem a habitação própria ou ao arrendamento. “O estudo que realizámos refere que mais de 20% da procura está a desistir de comprar, ou arrendar, por não encontrar uma habitação ajustada às suas expectativas e ao seu rendimento disponível”.

*Texto publicado na edição em papel  do Diário Imobiliário no Jornal Económico. Escrito com o novo Acordo Ortográfico