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Portugueses ainda compram casas de férias
Comprar uma casa de férias ainda faz parte do sonho de muitos portugueses, um terço ainda tem uma segunda habitação, mesmo com o agravamento dos impostos.
Com a perspectiva de um novo dinamismo na economia portuguesa, o mercado imobiliário também reanimou e a ideia de uma casa de férias volta a fazer sentido para alguns portugueses. De facto, um estudo do IPDT – Instituto de Turismo sobre as intenções de férias dos residentes em Portugal revela que nove em cada 10 portugueses vai gozar férias neste ano, especialmente em Agosto, estando o Algarve (31%) como destino no topo das preferências. Por sua vez, o Alentejo, a Região Norte e as Regiões Autónomas são os locais mais procurados para pequenas escapadelas da rotina ao longo do ano.
Com a EURIBOR – o principal indexante do crédito à habitação em Portugal – em mínimos históricos, não existe altura mais propícia para comprar casa do que esta. Até porque, atualmente, com a banca a voltar a conceder empréstimos, novas aplicações surgiram associadas à compra de casa: investir para arrendar ou mesmo para passar as férias.
De acordo com o artigo avançado pelo Jornal Económico, a plataforma gratuita de comparação financeira ComparaJá.pt analisa o mercado do financiamento para habitações secundárias para apurar se as condições deste tipo de ofertas diferem de um crédito para aquisição da primeira casa e que tipo de soluções são disponibilizadas às famílias portuguesas.
Numa primeira análise percebe-se que o próprio aumento da concorrência entre os bancos favoreceu a queda dos spreads. Mesmo para quem já possui a sua primeira habitação, também pode ser uma época favorável para adquirir uma casa de férias.
“É crucial analisar o mercado antes de se decidir comprar uma segunda casa. Para além da capacidade financeira – que é preciso ter em conta não apenas por causa do custo da habitação, mas porque existem encargos, como o condomínio e o IMI, que virão sempre associados à mesma – é necessário consultar o mercado. Comparar diversas opções é essencial, pois um empréstimo à habitação é um encargo financeiramente elevado”, admite Sérgio Pereira, diretor geral do ComparaJá.pt.
O responsável alerta para o facto de que o oásis da queda das taxas de juro não irá durar para sempre – e por isso mesmo já existem soluções de financiamento com taxa fixa que permitem acautelar a eventual subida. “Sendo a altura oportuna para este investimento, importa então perceber que soluções de financiamento existem e quais poderão ser mais adequadas aos diferentes perfis de consumidores”, esclarece.
Uma das principais diferenças entre um empréstimo para aquisição da primeira casa e outro para segunda habitação é que este último inclui em si a possibilidade de se realizar uma hipoteca sobre a primeira propriedade, o que pode ser uma vantagem acrescida para o cliente, na medida em que está a dar uma garantia maior e consequentemente o banco poderá facilitar as suas condições de financiamento.
Instituições financeiras não financiam mais do que 70% do valor da casa
Todavia, contrariamente ao que acontece com a primeira habitação, geralmente as instituições financeiras não financiam mais do que 70% do valor de aquisição da segunda casa, sendo que o prazo permitido normalmente não pode exceder os 30 anos.
Ao avaliar um crédito à habitação, é necessário ter em conta diversos fatores que influenciam o valor final do empréstimo, nomeadamente: as taxas de juro, o spread contratado (tenderá a ser mais elevado do que o da primeira habitação) e os seguros incluídos (costumam exigir a contratação de dois tipos, o de vida e do imóvel).
No que diz respeito, em primeiro lugar, às taxas de juro, há que considerar a TAN (Taxa Anual Nominal) e, sobretudo, a TAE (Taxa Anual Efetiva), dado que esta última reflete todos os encargos (comissões bancárias, custos de abertura do processo e prémios dos seguros) associados ao empréstimo. No caso de existirem produtos associados para aceder a bonificação do Spread, então a TAER (Taxa Anual Efetiva Revista) deverá ser o aspeto mais importante a ter em conta.
Por seu turno, o spread, representando o lucro auferido pelo banco na contratação do crédito, é uma componente da taxa de juro e é definido pelo banco através de uma análise caso a caso e conforme o perfil de risco do consumidor. De um modo geral, os produtos que estão associados à bonificação do spread são o cartão de crédito (e às vezes também o cartão de débito), a domiciliação do ordenado, o PPR, e os seguros de vida, multirriscos, de saúde e ainda de protecção ao crédito.
Praticamente todos os bancos em Portugal apresentam soluções para a compra de segunda casa e alguns podem até oferecer condições mais vantajosas no spread para a segunda habitação mediante a aquisição de outros produtos no banco.
A jovem Miriam Sobral, consultora com 32 anos de idade e eterna apaixonada pela beleza natural paisagística da Costa Vicentina, já possuindo a sua própria habitação em Lisboa, que lhe foi oferecida pelos pais por doação em vida, pretende adquirir então uma segunda habitação na simpática localidade de Odeceixe para fazer umas escapadelas ao longo do ano.
Foram realizadas simulações em oito das maiores entidades bancárias em Portugal – Santander, Bankinter, Millennium bcp, Montepio, Crédito Agrícola, BPI, CGD e Novo Banco - para a compra de uma segunda habitação para férias no local referido, sendo um apartamento T1 construído em 2005, avaliado em 100 mil euros e com um pedido de financiamento de 70%. O rendimento anual líquido da proponente é de 14.280 euros, o que se traduz num rendimento mensal de 1.020 euros, e o prazo do empréstimo é de 30 anos.
O valor final que a Miriam irá pagar ao final dos 30 anos ronda entre 93 mil (que é a opção mais acessível e é do Bankinter) e 113 mil euros (do Novo Banco).
Já um casal com 50 anos de idade, que começa a pensar no tempo em que se irá reformar, a Alda, que é juíza, e o Jorge, arquiteto, pretendem adquirir uma segunda casa no Algarve, perto da praia, com o objetivo de lá passarem alguns meses por ano.
Escolheram a Praia da Rocha, em Portimão, como destino de eleição no qual encontraram um T2 com 150 m2, construído em 2013, no valor de 230 mil euros. Resolveram solicitar 70% do financiamento ao banco (161 mil euros) por um prazo de 20 anos, sendo que o rendimento anual líquido conjunto deste agregado é de 59.556 mil euros.
Entre as oito entidades bancárias escrutinadas pelo ComparaJá.pt, é possível constatar que, atendendo ao montante total imputado ao consumidor, a solução mais acessível é a do Santander (219.540,39 mil euros), enquanto a mais dispendiosa é a do Crédito Agrícola (281.521 mil euros), uma diferença de aproximadamente 60 mil euros.
Um imóvel é sempre um investimento
“Um imóvel é sempre um investimento. Mesmo que seja apenas para passar férias, poderá sempre ser arrendado ou utilizado para render através de alojamento local. Além disso, existe sempre a perspectiva de valorização da propriedade, especialmente se for numa localização privilegiada com muito turismo, o que pode fazer muito sentido num país como Portugal, em que este sector de actividade está em crescimento constante”, admite o fundador do ComparaJá.pt.