
Investimento imobiliário diminuiu 14% em Março, comparado com os últimos cinco anos
O investimento imobiliário diminuiu 14% em Março, comparando com a média dos últimos cinco anos para o mesmo mês e apenas o segmento de mercado da logística se mantém sem alterações, por via do crescimento do comércio ‘online’.
De acordo com o estudo “Mercado de Investimento - Na senda da 'nova' normalidade", hoje divulgado pela consultora imobiliária Savills Portugal, durante um seminário ‘online’, para abordar o ajustamento das estratégias de investimento imobiliário decorrente da pandemia de covid-19, a diminuição de 14% registada em Março, face à média dos últimos cinco anos, é já um sinal de abrandamento da dinâmica deste mercado.
A “surpresa” do estudo é o segmento de logística, com um panorama mais optimista, com apenas 7% dos operadores a referirem quedas acentuadas no investimento e 43% a não registarem qualquer alteração no mercado em Março, valor que subiu para 71% em Abril.
Para a Savills, este facto justifica-se pelo aumento da procura pelo comércio ‘online’, que veio aumentar a busca por este tipo de activo imobiliário.
Assim, as previsões da consultora são de que os investidores mantenham a vontade de continuar a apostar no segmento de logística e também de escritórios, que continua a ser o mais procurado em Portugal.
No primeiro trimestre do ano, refere o estudo, foram transaccionados em Portugal 1,4 mil milhões de euros em ativos imobiliários, sobretudo devido à atractividade do mercado português no estrangeiro.
Porém, para o segundo trimestre a Savills prevê uma diminuição do volume de investimento.
A participar na sessão, por videoconferência, estiveram o ‘partner’ da Incus Capital, Alejandro Moya, o presidente executivo (CEO) da Merlin Properties, Ismael Clemente, o membro do Conselho de Administração da Fidelidade Property, Miguel Santana, o director de novos investimentos da Sonae Sierra, e o director-geral da Savills Portugal, Paulo Silva.
Entre umas visões mais pessimistas e outras mais optimistas, os participantes foram unânimes em considerar que, para já, não se sabem quais serão as reais consequências da pandemia de covid-19 no mercado imobiliário, mas que tudo irá depender do tempo que durar a crise, uma vez que a maioria dos planos de investimento estão, neste momento, em espera.
O “Grande Confinamento” levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contracção de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.
Já a Comissão Europeia estima que a economia da zona euro conheça este ano uma contracção recorde de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB), como resultado da pandemia da covid-19, recuperando apenas parcialmente em 2021, com um crescimento de 6,3%.
Para Portugal, Bruxelas estima uma contracção da economia de 6,8%, menos grave do que a média europeia, mas projecta uma retoma em 2021 de 5,8% do PIB, abaixo da média da UE (6,1%) e da zona euro (6,3%).
LUSA/DI