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Internacional

 

Amesterdão

Retalho na Europa deverá começar a recuperar ainda este ano – diz a Savills

16 de março de 2022

Em 2021, o investimento em activos de retalho na Europa voltou a cair, pelo quarto ano consecutivo, registando um volume total de 32,2 mil milhões de euros, 5% inferior ao registado em 2020 e 27% abaixo da média dos últimos cinco anos (perto dos 50 mil milhões de euros). A análise da consultora imobiliária Savills demonstra que o investimento em retalho na Europa caiu 5% face a 2020.

No entanto, adianta a consultora, “o segundo trimestre do ano passado registou um investimento de 6,9 mil milhões de euros, um valor 18% acima do mesmo período de 2020. Os terceiro e quarto trimestres de 2021 também ficaram acima dos períodos correspondentes do ano anterior, com subidas respectivas de 38% e 34%. Nos últimos três meses de 2021, verificou-se um investimento de cerca de 11 mil milhões de euros em activos de retalho na Europa – acrescenta o estudo.

Apesar da trajectória descendente, em certos mercados europeus foi possível observar alguns sinais de recuperação, principalmente no Reino Unido, em Itália e nos países nórdicos. Reino Unido, Alemanha e França captaram 72% do total de investimento em retalho feito na Europa em 2021, com os volumes de negócio no sector a superar os de 2020.

 

Retail parks lideram preferências de retalho em 2021

Os retail parks e instalações de armazenamento dedicadas ao retalho representaram mais de 30% do total de investimento feito no sector em 2021, um aumento face à média de 20% dos últimos cinco anos. “Os investidores, pretendendo reforçar as margens de lucro e minimizar os riscos, olharam para os retail parks e formatos de retalho alimentar de pequena dimensão em 2021 como activos menos expostos, de forma geral, aos riscos lançados pelas limitações impostas pela pandemia de COVID-19” – refere o estudo agora divulgado.

Entre 2013 e 2019, os supermercados e hipermercados representavam cerca de 7% do investimento em retalho. Contudo, em 2020 e 2021 essa parcela aumentou para 20% e 17%, respectivamente.

O sector da conveniência na Europa (retail parks, armazéns para retalho, supermercados e hipermercados) captou um investimento de cerca de 14 mil milhões de euros em 2021, representando perto de metade do volume de investimento total no sector, acima dos 23% de 2013. Por outro lado, o segmento dos centros comerciais tem vindo a cair, à medida que o comércio online ganha mercado e as incertezas sobre o futuro ainda lançam sombras sobre os formatos físicos de retalho. Em 2013, os centros comerciais representavam 41% do total de investimento, mas em 2021 essa representatividade caiu para 17%.

As prime yields dos centros comerciais atingiram um máximo de 5,45% no quarto trimestre de 2021, face ao pico anterior de 4,5% registado no terceiro trimestre de 2018. Este aumento deveu-se à suspensão, por longos períodos, da actividade de muitos centros comerciais e a uma forte queda no número de transações desta classe de ativos. Em Lisboa, o valor das prime yields de centros comerciais ficou na casa dos 5% em 2021, em linha com a média europeia – adianta o estudo da Savills.

O setor do retalho tem sofrido profundas transformações e a consolidação do e-commerce tem sido uma das principais forças motrizes dessa reconfiguração. Estima-se que uma em cada cinco compras feitas pelos consumidores europeus seja realizada online. O Reino Unido é o país da Europa que regista a mais elevada taxa de penetração de e-commerce.

 

Centros comerciais devem recuperar nos próximos anos

A recuperação económica gradual e o levantamento progressivo das restrições de combate à pandemia têm revitalizado os centros comerciais. Essa tendência de recuperação deverá continuar a observar-se ao longo dos próximos anos.

Apesar da ascensão do comércio online, os centros comerciais não têm os dias contados – garante o estudo da consultora.

Calcula-se que 72% das compras continuem a ser feitas em lojas físicas e que o poder de compra dos consumidores na Zona Euro cresça 4,2% este ano e 2,4% em 2023, o que deverá aumentar a confiança dos consumidores e potenciar a abertura de novos espaços.

O estudo não refere ainda qual poderá ser o efeito da guerra na Ucrânia sobre o sector.