Grécia : o grande « bazar» da Troika
A Grécia está à venda, há quem diga que “a saldo”. A lista de bens públicos para venda ao sector privado cresce de dia para dia: ele são ilhas, hotéis, portos e aeroportos, lugares históricos que aguardam a melhor oferta vinda do estrangeiro. “No final, o Estado grego talvez possa ser ainda detentor do Partenon…!” – dizem os mais críticos
Segundo revelou recentemente Stergios Pitsiorlas, administrador do Fundo de Desenvolvimento dos Activos da República Helénica (HRADF) ao jornal britânico “The Guardian”, após o último acordo com a União Europeia e o Banco Central Europeu, cerca de 71.000 activos de propriedade pública fazem parte do maior programa de privatização jamais visto no continente europeu.
O Fundo de Desenvolvimento dos Activos da República Helénica (HRADF) tem como única função o de maximizar o produto da Grécia através do “desenvolvimento e/ou venda de activos”. Depois vem a expressão «beatífica» que gregos e portugueses conhecem bem: “Isto deve ser interpretado como a soma virtual do produto da transferência de activos para o sector privado e os benefícios económicos de acompanhamento do investimento directo nesses activos, assim como a abertura dos respectivos mercados”.
Uma dívida externa de 320.000.000.000 €
O Governo grego está, há muito, cercado e manietado pelos grandes interesses financeiros, dependente da ajuda internacional e impedido de utilizar o mercado de capitais. A dívida externa é gigantesca e impagável: ultrapassa, por baixo, os 320 mil milhões de euros.
Stergios Pitsiorlas, está consciente disso, não obstante a lista de bens a privatizar se alongar mais e mais a cada dia que passa, (é possível consultá-la na internet): um catálogo de praias, ilhas, hotéis boutique, campos de golf, aeroportos e aviões, portos e marinas, companhias de abastecimento de água, empresas de caminho-de-ferro, imóveis no estrangeiro, castelos e casas nobres, empresas de apostas e lotaria, estádios e propriedades históricas… Mais de 71.000 activos de propriedade pública serão transferidos para o Fundo de Desenvolvimento dos Activos da República Helénica (HRADF), a entidade que conduzirá aquele que é o maior “pacote de privatizações” de sempre na Europa.
Como refere o jornal britânico, “desde que em meados de 2010 o país recebeu 110 mil milhões de euros de ajuda pela primeira vez (na época, o maior resgate da história), Atenas só conseguiu 3,5 mil milhões de euros com a venda de activos públicos, um valor que está a anos-de-luz dos 50.000 mil milhões originalmente definido pelos credores”.
O objectivo do fundo gerido por Stergios Pitsiorlas - que também incluirá acções de empresas públicas e bancos estatais - “é facilitar a privatização e o encaixe das vendas sem que os ministros possam ser acusados de fraude”. A lista, que inclui mais de 500 ilhas e longas extensões de intocada costa grega que se estende por mais de 16.000 quilómetros, será publicada em detalhe nos próximos meses.