Contra as previsões, é provável que o investimento em 2019 ultrapasse o recorde de 2018
A consultora Cushman & Wakefield avança que a estimativa de volume de investimento em imobiliário comercial para 2019 aponta para um valor superior ao atingido em 2018, ultrapassando os 3.000 milhões de euros.
De acordo com a última análise da consultora, o mercado imobiliário português continua a evidenciar um bom desempenho e apenas a escassez de oferta que se regista em alguns sectores tem condicionado a actividade de ocupação nos primeiros seis meses do ano. O investimento em imobiliário comercial revelou também um bom dinamismo, com o sector hoteleiro a protagonizar a maior operação do semestre.
Nos escritórios foram transaccionados cerca de 70.500 m² em 74 negócios, continuando a aumentar a área média ocupada por operação que, entre Janeiro e Maio superou os 950 m2, 25% acima da média dos últimos cinco anos.
A taxa de desocupação manteve o movimento de descida acentuado, atingindo os 3,9%, valor mais baixo de sempre e que representa apenas 182.000 m2 de oferta disponível em toda a Grande Lisboa. Neste contexto de mercado, as rendas prime subiram de forma generalizada.
No sector de retalho, os 350 negócios registados denotam um crescimento de 39%, com o comércio de rua a liderar o número de operações. Entre Janeiro e Maio, esse índice terá evoluído em média 5,6% comparativamente aos 4,4% observados no sector alimentar.
No primeiro semestre de 2019 foram registados pela Cushman & Wakefield mais de 350 negócios de ocupação, um crescimento de 39% em comparação com o mesmo período em 2018. O comércio de rua contínua a ser a estrela do sector, congregando 71% das operações registadas contra 20% em centros comerciais. O seu protagonismo justifica-se não só pelo ressurgimento deste tipo de comércio como uma alternativa viável à expansão dos retalhistas, mas retrata igualmente a escassez de espaço disponível nos principais centros comerciais, que mantêm uma performance positiva e em linha com a evolução do sector.
O mercado Industrial & Logístico mostrou-se dinâmico no segundo trimestre, mas a reduzida actividade nos três meses anteriores influenciou o resultado acumulado.
“A evolução saudável e sustentável da economia, aliada a uma capacidade crescente de atracção de capital estrangeiro, conferem a Portugal um novo estatuto no mercado imobiliário internacional. As cidades de Lisboa e Porto despertam um interesse cada vez maior junto de ocupantes e investidores internacionais e de forma transversal nos diferentes sectores de actividade", revela Marta Esteves Costa, Partner e Head of Research da Cushman & Wakefield.
Investimento: sector hoteleiro confirma atractividade para os investidores
Após um ano recorde em 2018, com 3.000 milhões de euros transaccionados só em imobiliário comercial, 2019 revela uma actividade de investimento menos dinâmica, registando, ainda assim, volumes muito superiores às médias da última década. No primeiro semestre do ano foram identificadas cerca de 30 operações de investimento em imobiliário comercial, totalizando um volume que se aproxima dos €1.100 milhões. O setor hoteleiro foi o mais dinâmico e, embora muito influenciado pela maior operação do semestre – a compra do portfolio de hotéis Tivoli pela Invesco à Minor pelo valor de €313 milhões – a atractividade deste sector para os investidores foi confirmada em 2019. Prova disso são os cinco negócios adicionais que se registaram entre Janeiro e Junho e que totalizaram cerca de 90 milhões de euros.
O sector de retalho atraiu 31% do capital investido, protagonizando o segundo maior negócio do ano, a venda do LeiriaShopping pelo Sierra Portugal Fund à REEF por 128 milhões de euros. Os activos de escritórios captaram 25% do volume de investimento e testemunharam a terceira maior operação do semestre, a venda do portfolio do Art's Business Centre e Torre Fernão Magalhães, por parte da Credit Suisse à Merlin Properties por 112,5 milhões de euros.
De acordo com Marta Costa, “o mercado deverá manter o dinamismo verificado em 2018, tanto em termos de actividade ocupacional como de investimento. Relativamente a este último, ainda que até à data os volumes transaccionados sejam inferiores a igual período do ano passado, é expectável que 2019 registe um volume de investimento em imobiliário comercial equivalente ao de 2018. De acordo com as nossas previsões, as transacções que se encontram neste momento em negociação, e que têm uma probabilidade elevada de fecho até ao final do ano, totalizam cerca de 2.000 milhões de euros. A continuada diversificação do nosso mercado é denotada também em 2019 pelos sectores de actividade mais dinâmicos, com o sector hoteleiro a captar pela primeira vez o maior volume de capital.”