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Como funciona o crédito habitação para construção?

1 de julho de 2021

Nalgumas situações construir uma casa pode ficar mais barato do que comprar uma casa. Nestas situações, as pessoas tendem em alargar o raio geográfico onde estão dispostas a residir. O Doutor Finanças explica como funciona o crédito habitação para construção.

“Estamos num período marcado pela prevalência do teletrabalho e pelas perspectivas de que muitas empresas mantenham um modelo laboral que reforce o papel do trabalho remoto, diminuindo também a necessidade de nos deslocarmos para o escritório. Nesta nova realidade estamos a assistir a um aumento da procura por crédito para construção de casas. Viver 24 sobre 24 horas no mesmo espaço, que é a casa, mas também o escritório e a sala de aulas, levou muitas pessoas a pensarem noutras soluções, mesmo que fora dos grandes centros”, salienta Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças.

Actualmente é possível conseguir um crédito para se comprar o terreno e para construir a casa, num processo que corre em paralelo na mesma instituição.

Depois de aprovado, este crédito é disponibilizado por tranches (entre três e seis), à medida que a obra for avançando. Ou seja, há um financiamento que é libertado para a compra do terreno e à medida que a obra vai avançando é alvo de vistorias e são disponibilizadas novas parcelas do financiamento.

Neste contexto, o cliente beneficia de um período de carência de capital, que pode variar entre os 24 e os 36 meses, de forma que o cliente tenha um encargo menor enquanto a sua casa não está concluída.

De realçar, que existem uma série de vantagens e desvantagens no recurso a este tipo de financiamento que devem ser tidas em consideração antes de se avançar:

Vantagens

- Oportunidade de construir uma casa ao nosso gosto.

- Possibilidade de ter prazos mais alargados, o que leva a ter prestações mais baixas.

- Possibilidade de carência de capital, entre os 24 e os 36 meses. 

. O IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) para construção é menor face ao da compra de uma casa (nova ou usada). Isto porque o imposto é pago apenas sobre o valor do terreno que é transacionado. Ou seja, dado que se trata de uma construção e não de uma compra, não temos de pagar o IMT da casa, apenas do nosso terreno.

Desvantagens

- Processo mais lento, relativamente à compra de uma casa construída. 

- Necessidade de ter capital próprio. Há instituições que financiam, no máximo 90% do valor do terreno e no projeto de construção, enquanto outros podem financiar 80% para o terreno e chegar aos 100% no da construção. Esta é uma desvantagem que se verifica também no crédito habitação tradicional, uma vez que os bancos só podem financiar em até 90% da operação.

- Nalgumas situações, a tranche só é libertada se existir já alguma obra feita e se a avaliação feita pelo avaliador cumprir com os valores que permitam libertar a próxima parcela do financiamento.

- Como são necessárias visitas por parte de um avaliador à obra há um custo extra, uma vez que estas avaliações são pagas pelo cliente.  

- Quanto mais tempo demorar a construção, mais juros temos de pagar. Especialmente se decorrer algum período de carência de capital, que faz com que o cliente pague apenas os juros sem que o montante em dívida seja reduzido.

Além disso, o crédito para construção é um processo mais complexo e demorado que o crédito habitação tradicional, uma vez que o processo de construção tem uma influência direta sobre o processo de financiamento.

Além de todas estas questões particulares, para que o processo de financiamento para a construção seja aprovado é necessário cumprir algumas condições, à semelhança de um crédito para aquisição de habitação:  

- Terreno com viabilidade para construção; 

- Apresentação de orçamentos detalhados; 

- Deter toda a documentação pessoal necessária; 

- Ter uma taxa de esforço comportável com o pedido de um financiamento; 

- Estabilidade profissional e financeira; 

- Possuir um histórico limpo no Banco de Portugal; 

- Ter um montante disponível para a entrada. 

Estas condições podem diferir de banco para banco e variar de acordo com o perfil. Também com o recurso a este crédito é necessário recorrer à contratação de seguros, nomeadamente o de vida e o multirriscos.  

Mais uma vez o especialista em finanças pessoais e familiares realça que antes de tomar qualquer decisão o importante é simular, informar-nos, negociar e conseguir ter várias propostas para comparar e fazer o processo com prudência. Devemos basear-nos no nosso caso em específico e tomar a decisão a partir daí.  

Sempre que residam dúvidas sobre a melhor opção de financiamento, devemos fazer simulações das várias soluções disponíveis e procurar ajuda especializada que possa contribuir para uma melhor tomada de decisão.