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Baixa de Lisboa “estranha aos nacionais” – afirma estudo

 

Baixa de Lisboa “estranha aos nacionais” – afirma estudo

 

Baixa de Lisboa “estranha aos nacionais” – afirma estudo

 

Baixa de Lisboa “estranha aos nacionais” – afirma estudo

24 de fevereiro de 2017

A Baixa de Lisboa tornou-se numa zona “estranha aos nacionais”, devido à perda de moradores e de espaços de comércio local, afirmou hoje o sociólogo e economista Guilherme Pereira, autor do estudo “Mudanças e globalização na Baixa pombalina”.

“Se tínhamos uma Baixa desertificada e envelhecida, agora temos uma Baixa estranha aos nacionais, em perda de moradores, de comércios locais, virada para os de fora, em que as ofertas e as ementas são para turistas, em que perdemos as lojas que nos atendiam - contei 117 encerradas nestes últimos anos”, declarou o sociólogo e economista.

No âmbito do estudo “Mudanças e globalização na Baixa pombalina”, que faz uma comparação entre a actualidade – dados de 2016 e do início de 2017 – e um levantamento realizado entre 2008 e 2012, Guilherme Pereira verificou que das 900 lojas hoje observadas (Junho e Julho 2016), 50% já existiam entre 2010 e 2012, 45% são novas e as restantes 5% não foi possível apurar a data de abertura.

 

Novas lojas instalaram-se em prédios não reabilitados

“As ruas do Ouro, Augusta e da Prata foi onde encerraram mais estabelecimentos – 43 dos 105 encerrados entre 2010 e 2016 e as novas lojas surgiram predominantemente nestas mesmas ruas - Augusta, do Ouro e da Prata –, bem como nas da Madalena e Fanqueiros, o que no conjunto totaliza 51% das novas actividades abertas”, apurou o sociólogo e economista, através do estudo publicado este mês.

A maior parte das novas lojas da Baixa estão instaladas em prédios não reabilitados, enquanto “os edifícios renovados, na maioria das vezes por demolição integral do interior, são configurados e abertos para hotéis e não tanto para habitação nem comércio”, revela o estudo.

De acordo com Guilherme Pereira, a ideia da realização do estudo surgiu em 2008 quando se pronunciava uma renovação da Baixa e estava em curso uma candidatura da Baixa e Chiado a património da Unesco, pelo que a actualização dos dados entre 2016 e o início de 2017 foi “um balanço das mudanças entretanto operadas, muito maiores do que se supunha à partida”.

 

Uma epidemia de “souvenirs low-cost”

“A observação quotidiana, de passagem, desperta a análise mais atenta e aí surgem revelações, que não se esperavam”, afirmou o autor do estudo, referindo o “enorme número de lojas de ‘souvenirs low-cost’, que se multiplicaram por 10 em seis anos, enquanto as de artesanato nacional se reduziram e as de artesanato de outros países quase desapareceram”.

Questionado sobre os principais problemas existentes actualmente na Baixa pombalina, o sociólogo e economista aponta “a reabilitação para uso e mercados externos, o despejo de comércios – mesmo se viáveis e em pleno funcionamento –, a saída de moradores por alta de rendas ou por não renovação de contratos de arrendamento, a subida de rendas e dos preços de venda para bolsas estrangeiras e não para o mercado local”.

Neste sentido, Guilherme Pereira alertou que a Baixa pombalina está a tornar-se numa “zona alheia à cidade, à semelhança de outros bairros de Lisboa”.

 

Recomendações

Como recomendações para os problemas apurados no estudo, o sociólogo e economista propõe a reforma da lei do arrendamento, a definição de cotas de áreas de construção permitidas e licenciadas para comércio, serviços, hotelaria e habitação, o condicionamento do alojamento local, a classificação de lojas com história, a aprovação de projectos de reabilitação urbana que salvaguardem uma parte de área residencial, de comércios e de serviços a preços e rendas condizentes com a economia e a população local, assim como a garantia e fiscalização da construção antissísmica.

Lusa/DI