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Aumento da oferta vai originar o abrandamento dos preços das casas, prevê o Bankinter

9 de julho de 2019

De acordo com a Estratégia de Investimento do Bankinter Research, para o 3º trimestre deste ano, o mercado imobiliário vai continuar o seu percurso de expansão mesmo que perca algum fulgor. A oferta irá aumentar e isso originará um abrandamento dos preços das casas.

O relatório do banco, indica que o preço das casas continua suportado por três pilares: (1) baixo custo de financiamento, dada a queda das Euribor e a pressão competitiva nos spreads, (2) crescimento da procura interna, impulsionada pela evolução do ciclo económico e a ausência de alternativas de investimento rentáveis (OT’s em 0,60%) e (3) escassez de imóveis para venda, depois de uma longa crise do sector da construção.

Destes três pilares, o Bankinter refere que apenas o último - escassez de oferta - deixará de exercer pressão altista sobre o preço das casas, tendo em conta o aumento esperado do número de novas construções. "De facto, estimamos que nos próximos dois anos sejam construídas cerca de 18 mil novas habitações por ano, sensivelmente o dobro da média dos últimos cinco anos.

"Consequentemente, esta maior oferta de imóveis para venda permitirá equilibrar o mercado, levando a um abrandamento do ritmo de subida dos preços para um nível mais sustentável, em linha com o crescimento nominal da economia. Prevemos que os preços das casas cresçam +4,0% este ano e +1,5% em 2020", lê-se no relatório.

A estudo avança ainda que o ciclo económico continua a ser de expansão, embora perca fulgor. "É natural. Contudo insistimos que não se dão as circunstâncias, nem surgem os detonantes, que indicam uma reversão do ciclo. Isto porque o nível de dívida privada não é excessivo, sendo inclusive inferior ao pré-crise. E todas as recessões são provocadas por dívida excessiva. É verdade que a dívida pública aumentou significativamente em quase todas as economias, no entanto parece ter estabilizado nos níveis actuais. E a dívida pública refinancia-se sem grandes dificuldades, num contexto de taxas de juro baixas (ou negativas), pelo que não afectará o ciclo económico. Precisamente estes níveis de juros extremamente baixos favorecem as avaliações das bolsas. Com lucros a aumentar e taxas de juro baixas e a diminuir, as avaliações oferecem um risco reduzido".

O relatório mostra ainda que o contexto faz com que todos os activos saiam beneficiados: acções, obrigações e imobiliário.Os bancos centrais sofreram (ou beneficiaram de?) uma metamorfose silenciosa muito útil para os preços dos activos: antes da crise financeira a sua missão era identificar a tempo a inflação e combatê-la com uma política monetária restritiva (basicamente com o aumento das taxas de juro), mas agora, esta missão é promover uma inflação suficiente para contrariar os riscos deflacionista e favorecer tanto a criação de emprego, como o crescimento económico. Com este suporte, os preços dos activos têm, em termos gerais, a maior protecção de sempre.

"Esta situação pode ser interpretada como uma verdadeira intervenção do mercado, mas, desde uma perspectiva eminentemente pragmática que a nós não nos corresponde adoptar, isto tem mais vantagens que desvantagens. Pelo menos até agora. Assim, toda a gente está contente, embora ninguém esteja completamente tranquilo. O nervosismo e um aumento da volatilidade podem aumentar durante o terceiro trimestre, mas acreditamos que a lateralidade seria o pior desfecho dentro dos mais razoáveis", indica o banco.