

A morte de um amigo, o Joaquim Pereira de Almeida
Assim, de repente, ficámos sem o Joaquim Pereira de Almeida. O decano do jornalismo imobiliário em Portugal.
Nascido em Moçambique ainda na era colonial, onde o seu pai trabalhava, foi para Angola ainda criança com a família, onde viria a assistir aos momentos conturbados da independência, da invasão sul-africana e da dolorosa e prolongada guerra civil. Ainda muito jovem, acompanhou todos esses extraordinários acontecimentos na primeira linha de observação já que, cedo, enveredou pelo jornalismo de reportagem, fosse na imprensa escrita ou na, então, jovem televisão angolana.
Anos depois, desiludido com os caminhos que Angola tomava, fosse pela guerra, pela corrupção e o nepotismo da classe dirigente, fosse pela falta de liberdade nos órgãos de comunicação em que trabalhava, veio para Portugal trazendo consigo aquilo que de mais precioso possuia: a sua pequenita filha Djamila.
A adaptação a Portugal e a Lisboa não foi fácil. Todos os angolanos ou portugueseses que viveram em Angola, ou em África, o sabem. Faltavam-lhe os amigos que lá deixara, as festas, os copos e as risadas que curtiam. A brisa atlântica e o mar que, desde muito cedo, se aventurara a cruzar no seu pequeno barco à vela.
Em Portugal começou por trabalhar no saudoso “Diário de Lisboa” e passou por outros projectos jornalísticos. Foi durante tempos pai e mãe da Djamila até encontrar a sua companheira para a vida, a Anabela Loureiro. Começou a trabalhar na então revista “Imobiliária” onde viria a assumir a chefia da redacção, tornando atraente a prosa e aliciante um sector de actividade até então considerado como «pária» pelas editorias da generalidade dos órgãos de comunicação.
Fechada a “Imobiliária”, numa das muitas crises que atingiram o país e a imprensa, o Joaquim, com a mulher, viria a fundar a revista “Magazine Imobiliário” organizadora dos mais reputados prémios do sector: “Os Óscares do Imobiliário”.
O Quim deixou-nos há poucas horas. O seu coração deixou de bater, inesperadamente, numa cama de hospital. Deixa-nos consternados com uma enorma saudade, dele e de todos os momentos que com ele vivemos.
Deixás-te-nos cedo demais e por isso não perdoamos.
Como escreve a sua companheira (ou talvez a filha) neste momento de dor, o Quim “ Era um homem raro, muito bom, que sabia dar, partilhar, era generoso como poucos. De pensamento ímpar. Tinha um sentido crítico e humorístico tão mordaz quanto doce, sabia elevar os outros como ninguém. Tocou inúmeras vidas aqui e além-mar, colou-se às nossas almas. Quantas pessoas podem dizer que nesta vida deixaram tão valiosas lições?”
A sua lembrança vai continuar para sempre viva em todos nós.
À Anabela, sua mulher, aos seus filhos Djamila, já uma consagrada escritora, e Francisco, um talentoso e prometedor actor, os nossos mais sentidos pêsames.
Estamos de luto. Estamos convosco.
Fernanda Pedro e António Baptista da Silva