
2018: Investimento em imobiliário deve atingir os 2.500 milhões €
Em 2018 espera-se que o volume transaccionado em imobiliário comercial se aproxime dos 2.500 milhões de euros, superior ao volume histórico de 1.900 milhões de 2017.
Este investimento inclui ativos de rendimento - exclui projetos para promoção - nas áreas de escritórios, retalho, hotelaria e industrial/logística. Segundo o estudo anual “Market 360º”, apresentado hoje pela consultora JLL, o pipeline actual conta com um elevado volume de portfólios e grandes activos nos sectores de retalho e escritórios e estima-se que também o sector hoteleiro mantenha um dinamismo crescente.
Já na promoção imobiliária, este ano deverá manter a elevada dinâmica quer nos centros históricos de Lisboa e Porto, com projectos sobretudo resultantes de reabilitação urbana e direcionados ao turismo e habitação premium; quer em zonas menos centrais das duas cidades, neste caso com maior expressão da construção nova e para franjas de procurada diferenciadas (habitação gama média; escritórios e residências de estudantes). A JLL acredita que este ano serão concretizados alguns negócios envolvendo projectos que estavam em standby e também que uma maior actividade surgirá por via da comercialização de portfólios de grandes proprietários, como é o caso da Banca e Seguradores.
Quando aos escritórios, o relatório revela que a procura não dá sinais de arrefecimento, quer por parte das empresas nacionais quer por parte de multinacionais, as quais continuam a seleccionar as duas principais cidades do país para instalar operações de serviços partilhados, especialmente na área tecnológica. "A construção de novos escritórios começa a ressurgir, mas de forma ainda muito tímida, o que poderá limitar a atividade, já que o stock começa a não ter capacidade de resposta para os requisitos da procura atual (nomeadamente áreas de maior dimensão, zonas centrais e perto de transportes públicos). O pipeline de novos escritórios até 2021 soma 218.600 m2, embora apenas 14% esteja já em construção e cerca de 40% esteja já pré-ocupado", estima a JLL.
No retalho, a consultora prevê igualmente um ano activo, com o mercado positivamente influenciado pelo crescimento do turismo e pelo aumento da confiança dos consumidores portugueses. O pipeline de centros comerciais para os próximos dois anos é de 62.000 m2, gerado apenas na expansão de empreendimentos já existentes, nomeadamente o Norte Shopping e o Centro Colombro, o Oeiras Parque e o Glicínias Plaza (Aveiro). "No comércio de rua, a procura por zonas prime manter-se-á muito dinâmica em Lisboa e no Porto, o que deverá continuar a gerar expansão das zonas de retalho para ruas mais secundárias".
Relativamente à habitação, a JLL prevê que deverá voltar a registar-se um ano dinâmico, dando sequência à tendência de alargamento de procura para fora das zonas consideradas prime, quer por parte dos compradores nacionais, motivados pelo factor preço; quer pelos internacionais, atraídos pelo estilo de vida que estas zonas menos centrais proporcionam. Em Lisboa, zonas como o Beato e o eixo ribeirinho Ocidental Belém-Alcântara, Alta de Lisboa; ou nas zonas limítrofes, Carnaxide e Miraflores; são alguns eixos em que a atividade deverá acelerar. Do lado da oferta, começa a existir maior capacidade de resposta (sobretudo de construção nova), o que levará a que em 2018 se assista a um maior equilíbrio entre a oferta a procura, e, portanto, a um crescimento menos acentuado dos preços.
Já no imobiliário hoteleiro antecipam-se igualmente boas perspectivas para 2018, "especialmente devido ao excelente momento do turismo. O mercado hoteleiro está em crescente consolidação como destino dos grandes operadores internacionais, o que se confirma pela entrada de novos players como é o caso da Iberostar em Lisboa e dos operadores asiáticos de luxo Oberoi e Anantara, que escolheram Portugal como primeiro país para a expansão na Europa. Este interesse é igualmente visível no número de hotéis previstos até 2020 nomeadamente 25 hotéis em Lisboa num total de 2,288 quartos".
Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL, adianta que "para 2018 espera-se um novo ano de grande dinamismo. A procura por escritórios, habitação e retalho vai continuar forte, impulsionada quer pelos estrangeiros, hoje com motivações muito mais diversificadas, quer pelos portugueses, cujo rendimento disponível aumentou. O investimento está muito forte já no arranque do ano e vai continuar expansivo, beneficiando quer da robustez destes setores tradicionais quer do crescente interesse pelos segmentos alternativos como as residências de estudantes e de senióres, hospitais e co-living".
E termina sublinhando que "o panorama é muito positivo e é antecipado com base num padrão de crescimento que é progressivamente sustentado e sustentável. Os desafios do mercado estão hoje sobretudo centrados na necessidade de reforçar a nova oferta de habitação de escritórios, já que o stock disponível de qualidade e ajustado às várias franjas da procura começa a escassear, limitando a actividade. E também em sabermos, como país, manter a estabilidade a nível político e macroeconómico, incluindo em termos de política fiscal; e continuar o percurso de credibilização internacional. Se soubermos responder de forma eficaz a estes desafios, os ingredientes estão todos reunidos para prolongar o bom momento do mercado imobiliário até para além de 2018".