Agências de turismo consideram que insegurança da retoma reforça necessidade de novos apoios
A impossibilidade de acolher turistas de vários mercados afasta qualquer possibilidade de retoma para as agências de viagens especializadas no turismo receptivo.
A APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo afirma em comunicado que a recuperação está comprometida. Com a recente decisão do Governo alemão relativamente às viagens dos seus cidadãos para Portugal, depois da saída do nosso país da lista verde do Reino Unido, a par da incerteza causada pelo recuo no desconfinamento e o seu impacto nas férias dos portugueses, "constitui um golpe fatal nas expectativas de início de retoma para o turismo no seu todo, impondo-se a necessidade, urgente, de novos apoios que evitem a falência de todo um sector".
De acordo com a associação, Portugal está, na prática, actualmente impossibilitado de acolher turistas de vários mercados, incluindo os dois maiores em termos de dormidas, e o primeiro e terceiro maiores em termos de receitas turística, o Reino Unido e a Alemanha, o que vem criar um vasto deserto no panorama da oferta nacional e afasta qualquer possibilidade de retoma para as agências de viagens especializadas no turismo receptivo.
Do ponto de vista dos operadores turísticos e agências que se dedicam ao turismo de lazer, o cenário é igualmente desolador, goradas que estão as expectativas de uma retoma do negócio nesta época alta de Verão. O chamado turismo de negócios permanece igualmente sem movimento.
Neste contexto, a APAVT alerta que é necessário que o Governo apresente, com carácter de emergência, novas medidas de apoio, designadamente a manutenção do layoff em circunstâncias idênticas às que existiam até Maio deste ano, sob pena de se desmoronar toda a estratégia delineada de manutenção da capacidade da oferta para assegurar as condições mínimas para a retoma económica.
No curto prazo, os custos económicos e sociais das falências, incluindo o custo dos subsídios de desemprego, serão de valor muito superior ao investimento em medidas de apoio como as do layoff. A médio prazo, o custo será incomensuravelmente maior, na medida em que a impossibilidade de retoma de um sector que representa um contributo superior a 10% do PIB nacional terá um impacto que extravasa para toda a economia nacional.
"Temos desenvolvido, quer directamente, quer através da CTP, um trabalho próximo e efectivo com o Governo, com especial realce para a nossa tutela, a Senhora Secretária de Estado do Turismo. Desejo e tenho confiança que este trabalho possa progredir, evidenciando com urgência a continuidade dos apoios às empresas, mais necessário do que nunca. A não ser assim, todos nos arriscamos a que os apoios a fundo perdido se transformem em saco roto, com a falência geral da oferta turística nacional, o que traria impossibilidade de recuperação económica para o país, bem como elevadíssimos custos em subsídios de desemprego", afirma o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira.