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Entrevistas

José Rui Meneses e Castro, Cofundador & Managing Partner, MAP Engenharia

Se os nossos jovens continuarem a emigrar não há mercado imobiliário que vá resistir

8 de fevereiro de 2024

José Rui Meneses e Castro, Cofundador & Managing Partner, MAP Engenharia admite que o mercado imobiliário tem sido resilente mas a longo prazo pode sofrer consequências com a saída dos jovens portugueses do país.

O responsável garante ainda que a escassez da oferta é claramente o maior desafio, mas não o único. Se o país quer encontrar o sucesso na meta que tem para a criação de mais habitação (nomeadamente a habitação acessível), tem mesmo de simplificar os processos de licenciamento, tem de promover incentivos adicionais à construção nova e uma carga fiscal mais adequada.

O que se pode esperar para o mercado imobiliário em 2024?

Creio que será fragmentado por dois momentos que podem ser semestrais. Um 1º semestre ligeiramente mais brando consequência desta fase governamental, com uma ligeira retracção do número de transacções devidas à já conhecida falta de oferta. Contudo, presumo um 2º semestre muito mais dinâmico caso se mantenha a prevista descida das taxas de juro de referência e descida de inflação. Isto acontecendo, os portugueses poderão vir a melhorar a sua capacidade de compra, para quase não falar de que continuaremos a ser um mercado (país) altamente apelativo para o investimento estrangeiro que naturalmente vai tendo maior incidência no turismo.

Quais as tendências para este ano que podem dinamizar o imobiliário?

Acredito que as tendências continuarão a ser as mesmas que em 2023, a inovação da digitalização já teve uma grande procura e tenderá cada vez mais, como é exemplo disso visitas virtuais em plataformas digitais e a desmaterialização do papel – que por acaso também é uma das medidas implementadas na nossa empresa – e que no caso imobiliário facilitam o acesso à informação e negociação. A outra tendência, que apesar de se resumir numa palavra, traz muitos desafios e complexidade com ela, é sustentabilidade, a procura por imóveis sustentáveis que se repercute em mais ciclos dos clusters imobiliários, ou seja, desde o cliente final, ao projectista, ao arquitecto, à construtora, etc. todos são segmentos constituídos por pessoas cada vez mais consciencializadas e alarmadas pelo impacto ambiental. Transformar as soluções sustentáveis em movimentos ou matérias mais acessíveis são claramente uma oportunidade forte para o mercado.

E as maiores dificuldades que o mercado pode enfrentar?

A maior dificuldade é tão evidente que já foi mencionada anteriormente. A escassez da oferta é claramente o maior desafio, mas não o único. Se o país quer encontrar o sucesso na meta que tem para a criação de mais habitação (nomeadamente a habitação acessível), tem mesmo de simplificar os processos de licenciamento, tem de promover incentivos adicionais à construção nova e uma carga fiscal mais adequada. O mercado imobiliário em Portugal tem encontrado ao longo de mutos anos, mesmo com pandemias, guerras e afins, muita resiliência, mas se pensarmos a longo prazo, e continuando os nossos jovens a emigrar para conseguirem ter uma vida melhor, não há mercado imobiliário que vá resistir para sempre. O imobiliário e tantos outros.

Como a MAP Engenharia encara 2024?

Em contraponto ao panorama mais alarmante da resposta anterior, a MAP encara 2024 como qualquer empresa em forte expansão. Estamos com um pipeline em carteira de 120 milhões para os próximos dois anos e por isso queremos garantir a realização das nossas obras com aquela que tem sido a nossa reputação nestes 10 anos: excelência na execução e cumprimento de prazos que são sempre promessas desafiadoras no sector da construção. Felizmente, tanto no actual portefólio, como no pipeline previsto, continuamos a conquistar obras com muita diversidade sectorial, e tanto na construção nova como na reabilitação. Temos bem definida a nossa visão para os próximos 10 anos e vamos crescer nesse sentido com um ADN muito concreto, de sermos cada vez mais contribuidores de soluções sustentáveis do sector.

https://www.diarioimobiliario.pt/Perspectiva-se-um-2024-em-duas-velocidades-para-o-sector-imobiliario