Procura e venda de casa volta a subir entrando em terreno positivo pela primeira vez desde 2022
Os indicadores de procura e vendas registaram as maiores recuperações, regressando a terreno positivo após um longo período sob pressão. No caso da procura por parte de novos compradores, passou de um saldo líquido de respostas de -30% em Dezembro para +2% em Janeiro, o que significa ter entrado em terreno positivo pela primeira vez desde 2022. Em termos de vendas, a leitura respeitante ao volume de vendas acordadas passou de -28% em Dezembro para+2% em Janeiro, o mesmo se verificando quanto às expectativas de vendas para os próximos 3 meses. Neste caso, o saldo líquido de respostas evoluiu de -19% em Dezembro para +7% em Janeiro.
Estes resultados foram obtidos no mais recente inquérito de confiança ao mercado residencial português, o Portuguese Housing Market Survey (PHMS), realizado pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS. Os resultados de Janeiro deste inquérito contrastam com o dos meses antecedentes, dado a maioria dos indicadores de mercado apresentar uma melhoria, visível não só ao nível da actividade actual como das expectativas para a sua evolução.
Esta retoma da actividade é acompanhada por uma sustentação dos preços no momento actual e acaba por animar, de forma mais expressiva, as perspectivas quanto à sua evolução. Em relação ao momento actual, o saldo líquido de respostas quanto à evolução dos preços atingiu +4%, recuperando face aos -4% de dezembro. Sem prejuízo de sinalizar uma variação residual dos preços no mês em questão, o facto é que o indicador regressa a terreno positivo. Em relação às expetativas para a evolução dos preços a 12 meses, a inversão é bastante assinalável, com o atual saldo líquido de respostas de +28% a contrastar com o de -1% registado em dezembro. Na prática, tal traduz um importante fortalecimento das expetativas quanto a um possível aumento dos preços ao longo deste ano.
Em relação à oferta, o PHMS de Janeiro mostra que há uma tendência para a estabilização dos fluxos de novas instruções de venda, mas ainda assim mantendo-se em terreno negativo, atingindo-se um saldo líquido de -5% em janeiro.
De acordo com Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, “há uma série de factores a influenciar positivamente a procura e as expectativas quanto à sua evolução. Desde logo, a tendência positiva prevista para o crescimento da economia, desemprego e inflação, bem como a antecipação no corte das taxas de juro. Apesar do momento de instabilidade política que atravessamos, muitos operadores consideram que este conjunto de fatores irá permitir uma recuperação progressiva da procura e que os compradores expectantes tomem as suas decisões de compra. Esta recuperação da procura continua, contudo, a ocorrer num cenário de falta de oferta de casas acessíveis ao rendimento das famílias, pelo que deverá ser um factor de aceleração dos preços a curto-prazo”.
Também Tarrant Parsons, Senior Economist do RICS, frisa que “depois de um período prolongado de adversidade, a actividade do mercado imobiliário parece estar a recuperar, o que está correlacionado com o fortalecimento do desempenho económico do Portugal. As condições económicas a nível global também parecem estar a melhorar e isso deverá dar sustentação ao quadro económico nacional, esperando-se que o aumento do rendimento e do consumo ganhem tração no próximo ano”.
O Portuguese Housing Market Survey (PHMS) é um inquérito mensal de confiança desenvolvido pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS, o qual reflecte o sentimento de promotores e mediadores imobiliários que operam no mercado residencial.