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Habitação by century 21

Foto de José Eduardo Andrade - cortesia do autor

Milhares de pessoas protestaram no país pelo direito à habitação

30 de setembro de 2024

Milhares de pessoas manifestaram-se sábado em 22 das maiores cidades do país, para exigir "casa para viver" e o cumprimento do direito à habitação, constitucionalmente consagrado, criticando a intervenção do actual Governo.

André Escoval, do movimento Porta a Porta, disse que "está pior ter casa para viver" e a manifestação pretendeu dizer ao Governo que é preciso medidas para baixar os preços da habitação, através de regulação e de "pôr em causa" os interesses dos proprietários e da banca.

"Isto vai ser uma grande acção de luta", afirmou André Escolal, acusando o Governo de estar "refém" dos interesses dos proprietários e da banca e esperando que haja disponibilidade para serem ouvidos pelo actual executivo.

Para além da entoação das muitas palavras de ordem, os manifestantes assistiram também à actuação de muitas artistas que se quiseram juntar à iniciativa de protesto, "porque a luta também se faz em festa" clamavam os dirigentes das entidades organizadoras.



As manifestações foram organizadas pela plataforma Casa Para Viver, movimento Porta a Porta, Referendo pela Habitação, Projecto Ruído, Vida Justa e 1º Esquerdo, face ao agravamento da crise na habitação e por não acreditarem nas medidas propostas pelo novo Governo, da Aliança Democrática (AD), coligação PSD/CDS-PP/PPM, para resolver o problema.

"Pôr fim aos despejos, desocupações e demolições que não tenham alternativa de habitação digna e, que não preservem a unidade da família na sua área de residência", é outra das propostas, a que se junta a redução do valor das prestações bancárias, "pondo os lucros da banca a pagar".

O combate à especulação imobiliária é uma das prioridades, reforçando a necessidade de colocar a uso, "com preços sociais", os imóveis devolutos do Estado, dos grandes proprietários, fundos e empresas, assim como o aumento de habitação pública.

O protesto teve lugar em simultâneo do norte a sul de Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Para a plataforma - que junta mais de cem organizações e já mobilizou milhares de pessoas nas ruas de várias cidades em três manifestações (Junho e Setembro de 2023 e Janeiro deste ano) -, o novo Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, "está bastante comprometido com aquilo que é o negócio imobiliário".

"Os preços e as rendas das casas continuam a subir, a sobrelotação aumenta, assim como as barracas, as pessoas em situação de sem-abrigo e os despejos. A maior parte do nosso salário, senão todo (e muitas vezes este já não chega!), é gasta a pagar a casa. Desta forma, é inevitável que a pobreza aumente", referem os organizadores.

Lusa/DI