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Habitação by century 21

 

Comprar casa em Lisboa já é mais caro do que em Madrid e Barcelona

26 de fevereiro de 2020

Hong Kong é a cidade mais cara, seguida por Nova Iorque e Tóquio. Já a capital portuguesa superou os preços médios do segmento luxo de cidades como Madrid e Barcelona (cerca de 10.000 euros/m2), revela a consultora imobiliária Savills Portugal.

No estudo Mercado Residencial | De Norte a Sul – O Sucesso do Mercado Português, a consultora revela que o Mercado Residencial Português vive um momento intenso, tendo sido considerado o segmento mais bem-sucedido no mercado imobiliário em Portugal.

Para Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, “mantêm-se os desequilíbrios entre a Oferta e a Procura, já existindo evidência de que irão sofrer ajustamentos nos próximos anos, por aumento da oferta. Os produtos destinados à classe média já começam a ser um objectivo dos promotores, facto que representa uma boa notícia para este segmento de mercado”.

O relatório indica que em Portugal, a taxa de juro nos empréstimos à habitação tem-se mantido muito atractiva, não se prevendo oscilações que perturbem o mercado a médio prazo. O esforço que tem vindo a ser feito por manter estável a zona euro e os estímulos à economia, dão confiança aos investidores e têm aumentado a procura pelos diversos tipos de crédito. Em 2019 o montante concedido de crédito à habitação ultrapassou o marco da última década, sendo o equivalente aos anos de 2012, 2013, 2014 e 2015 juntos.

Por outro lado, a trajectória da população estrangeira em Portugal tem sido inversa à da população nacional. Naturalmente a procura estrangeira por habitações em Portugal tem aumentado, tendo como principais motivos situações impactantes como vistos gold, investimento, segunda habitação e habitação permanente.

O estudo refere que o valor total das aquisições em 2019 foi cerca de 25 mil milhões de euros, sendo que o peso dos Vistos Gold no total do valor das aquisições foi cerca de 3% (estimativa).

"Com a previsão de entrada em vigor apenas em 2021 das restrições à concessão de Vistos Gold nas AML e AMP pela via de aquisição de imobiliário, os preços não deverão sofrer alterações significativas no decorrer deste ano. Mesmo após a entrada em vigor da medida, o principal efeito não deverá ser sentido nos preços, mas sim no clima de confiança depositado em Portugal, que apresenta ainda uma imagem frágil no cômputo internacional", escreve a consultora.

“Tanto o valor total como o número de casas transaccionadas na Área Metropolitana de Lisboa têm vindo a aumentar consecutivamente desde 2013. O ano de 2018 fechou com mais de 62.000 transacções, que correspondem a um montante de 12 mil milhões de euros. A tendência para 2020 é que a boa performance anterior se mantenha. O desvio claro da mão-de-obra e dos promotores na pós-crise para os projectos de reabilitação é notório ao considerarmos os edifícios novos concluídos. O ano de 2019 registou até Julho 67% do total de 2018, devendo fechar o ano com um valor superior ao do período homólogo, continuando a trajetória crescente de projetos de promoção nova iniciada em 2017”, esclarece Alexandra Gomes, Senior Analyst da Savills Portugal.

A reabilitação urbana continuará a predominar o pipeline dos concelhos de Lisboa e do Porto, tendo como principais motivos a valorização que os centros históricos tiveram ao longo dos últimos anos (em grande parte impulsionados pelo turismo), os custos de construção serem tendencialmente menores na reabilitação face à promoção, e os preços de venda dos fogos reabilitados (por influência da procura e da localização) serem superiores aos dos fogos novos”,acrescenta Eurico Alves, Analyst da Savills Portugal.

O concelho de Lisboa concentra cerca de metade do pipeline total da sua área metropolitana. Cada projecto de reabilitação conta em média com 10 apartamentos, por comparação aos cerca de 12 apartamentos por projecto novo (promoção).

Para Patrícia de Melo e Liz, Chief Executive Officer da Savills Portugal, "o edificado na vertente residencial tem assistido a uma fortíssima procura e, num contexto de contida oferta, trouxe-nos uma consequente evolução dos preços praticados. Mas ainda há caminho a percorrer na oferta dos serviços adjacentes e no aconselhamento que pode e deve ser dado para acrescentar valor a quem quer investir nesta área ou comprar uma casa para viver. Estamos seguros de que o mercado residencial pode amadurecer com a devida estratégia e interligação entre os diversos players”.

Novas formas de habitação

A entrada no mercado de trabalho da geração millennials trouxe consigo novas dinâmicas. É uma geração que prima pela mudança e aspira ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, potenciando ambas ao máximo.

Alexandra Gomes, Senior Analyst da Savills Portugal, afirma ainda“numa sociedade cada vez mais solitária, juntamente com o mindset das gerações contemporâneas que valorizam o imediato, a versatilidade e que contesta cada vez mais os modelos tradicionais de convivência, os co-livings têm sido uma resposta assertiva e que se tem erguido de forma sólida mesmo nas cidades onde se previa mais difícil a sua instalação, não sendo Portugal uma excepção, pelo que seguramente veremos Lisboa a absorver cada vez mais projectos desta natureza ao longo dos próximos anos.”